AS DIRETRIZES
CURRICULARES PARANAENSES DA EDUCAÇÃO BÁSICA EM HISTÓRIA A PARTIR DA EXPERIÊNCIA
DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DE UNIÃO DA VITÓRIA: UM BALANÇO EDUCACIONAL
NECESSÁRIO (2004-2014)
Everton
Carlos Crema
UNESPAR
O
presente texto é parte do projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós
Graduação em Educação na área, escola, ensino, cultura da UFPR e esperamos que
nossa proposta possa contribuir com o ensino de historia. A construção de um
currículo escolar está profundamente marcado por um ordenamento político, sua
criação se insere diretamente através das demandas e espaços sociais em
disputa, e em nada é um projeto neutro. As Diretrizes Curriculares em História
do Estado do Paraná, não diferentemente, reproduziram essa perspectiva ao
inserirem um novo quadro teórico metodológico na disciplina de História,
rompendo com modelos educacionais tradicionais que refletiam o momento político
brasileiro.
O
distanciamento de um modelo neoliberal de educação deu lugar a promessa de uma
construção coletiva, das práticas e saberes educacionais, pautadas nas teorias
críticas do conhecimento e contextualização dos sujeitos históricos. Nessa
perspectiva, o conhecimento desenvolvido criticamente permitiria a compreensão
da dinâmica dos processos sociais, e viabilizaria uma tomada de consciência e
ação política. Portanto, o currículo representa muito mais do que uma estrutura
de conhecimento formal ou uma perspectiva de conhecimento puramente científico,
o currículo opera diretamente na conformação social, e naturalmente se torna
lugar privilegiado da pesquisa e da educação histórica.
Dessa forma, o objeto de investigação se
articula a proposta da linha de pesquisa cultura, escola e ensino e vincula-se
a um necessário balanço da implementação das Diretrizes Curriculares em
história, a partir da realidade educacional do Núcleo Regional de Educação de
União da Vitória. Buscamos investigar
como o documento orientador transformou o ‘pensar e o fazer’ do professor de
história, na sala de aula e as condições de ensino decorrente desse processo.
Precisamos compreender historicamente o contexto de mudança no ensino de
história, o lugar do professor, do aluno e da escola, e as condições objetivas
de participação/resistência possíveis para uma ‘educação histórica’.
Em 2014 se completam 10 anos do inicio dos
primeiros trabalhos do que se constituiria, posteriormente, nas Diretrizes
Curriculares para a educação básica do Estado do Paraná, um documento
orientador e unificador da politica educacional governamental, que buscava
romper com o modelo educacional do Governo Federal representado no final dos
anos 90 pelos PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais. Segundo Yokohama (2006),
a proposta do Currículo Básico de educação do Estado do Paraná elaborado em
1990, apresentava no inicio do século XXI, problemas de ordem significativa, reflexo de uma relativa anomia
e indefinição pedagógica, que segundo a autora, desconfigurou e deformou a
proposta do Currículo Básico.
O
contexto politico paranaense, com o fim do governo Lerner (1995-2003) e a
chegada ao poder de Roberto Requião (2002-2009), pode ser relacionado
diretamente a mudança na gestão e no planejamento educacional do Estado.
Alinhado com o governo federal de orientação neoliberal, Lerner reproduziu no
Paraná um modelo educacional marcado pela diminuição dos investimentos
educacionais, esvaziamento crítico, desumanização, desmobilização social e
privatização dos espaços públicos. O resultado prático desse processo foi à
fragilização das politicas educacionais paranaenses, que almejavam uma reforma
e valorização educacional nos anos pós-ditadura. A sucessão política recolocou
a questão educacional em debate.
Assim, desde o inicio dessa Gestão 2003-2006, estabeleceu-se como linha de ação prioritária da SEED a retomada da discussão coletiva do currículo. A concepção adotada é a de que o currículo é uma produção social, construída por pessoas que vivem em determinados contextos históricos e sociais. Portanto, não almejamos construir uma proposta curricular prescritiva, mas uma intervenção a partir do que está sendo vivido, pensado e realizado nas e pelas escolas. (PARANA, 2003, p. 3)
De
outro lado, o projeto das Diretrizes Curriculares Paranaenses, buscava um
necessário distanciamento das politicas nacionais de educação, especificamente
dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs e sua proposta de unificação das
matrizes curriculares nacionais. A construção dos PCNs reproduziu de maneira
geral a política centralizadora do MEC – Ministério da Educação e Cultura, e se
construiu como modelo distante da realidade brasileira, sendo concebido a
partir de intelectuais espanhóis e educadores paulistas, da educação privada,
distante da realidade educacional brasileira, e muito mais ainda, da
paranaense.
Além
disso, não existia um debate consistente sobre educação nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que pudesse sustentar uma perspectiva ou metodologia
educacional, sobrepondo-se a isso ainda podemos perceber seu caráter
prescritivo, e a ausência de diálogos com o professorado, problemas de um
modelo nacional que desconsiderava a cultura e história regional. Na elaboração
das Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná foram
construídos grupos de trabalho das disciplinas especificas, congregando
professores da área de conhecimento especifico, representantes da SEED –
Secretaria de Estado da Educação e NREs – Núcleos Regionais de Educação, a
ideia defendia que “o coletivo da escola possa, com subsídios e autonomia
construída, produzir sua proposta educacional.” (PARANÁ, 2006, p. 4)
Desse
esforço, originaram-se especificamente as Diretrizes Curriculares da Educação
Básica em História, apresentadas definitivamente em 2008, apesar de diversos
problemas, limites e criticas, à sua construção e implementação,entendemos que
as Diretrizes Curriculares da Educação Básica em História, alcançaram um
significativo avanço educacional e, sobretudo definiram de forma inequívoca o
tipo de educação e o perfil do aluno que frequenta e depende da escola publica,
como meio de transformação da própria realidade. “Um sujeito é fruto de seu
tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um
ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele
lhe é possível participar” (PARANÁ, 2008, p. 8).
Ou seja, as Diretrizes Curriculares em História são um
documento fundante e orientador das práticas e saberes de professores e alunos,
pois a conformação do modelo educacional interfere e orienta diretamente o
cotidiano escolar, ao mesmo tempo em que dele é reflexo. Ao mesmo tempo, a
escola deve ser percebida como espaço de continuado confronto e diálogo, entre
os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular: “As
propostas curriculares e conteúdos escolares estão intimamente organizados a
partir desse processo, ao serem fundamentados por conceitos que dialogam
disciplinarmente com as experiências e saberes sociais de uma comunidade
historicamente situada” (PARANÁ, 2008, p. 30).
O professor, ao pensar a prática de ensino, deve ter em
mente os sujeitos e os fundamentos teóricos da educação, as dimensões e formas
de conhecimento e os fundamentos teóricos metodológicos da disciplina que
leciona. Deve ainda dominar os procedimentos do pensamento histórico, bem como
conhecer em nível suficiente os teóricos e correntes historiográficas que
sustentam a formação do conhecimento histórico. Para o aluno, a construção do
conhecimento histórico mediado pela realidade social e cultural, passa pelo
formato educativo e pelas ciências de referência, não diferindo nesse processo
os princípios epistemológicos e cognitivos.
A validade de qualquer currículo ou proposta educacional
pode ser auferida a partir da perspectiva de eficiência e eficácia, manifesta
nos níveis de compreensão e domínio da própria proposta curricular pelos
docentes, bem como da satisfação advinda da docência. Os problemas inerentes ao
modelo curricular e suas relação com os referencias metodológicos também podem
ser percebidos de maneira inversa, numa perspectiva de resultado, observados os 118 professores de história do
Núcleo Regional de Educação de União da Vitória, dispostos em mais de 08 municípios diferentes.
Problemas de Pesquisa
Segundo
Schmidt, (2009) o aprendizado histórico no Brasil está diretamente ligado às
concepções e fundamentações da disciplina de história e da produção histórica,
sendo o ensino de história, lugar de referência para a construção de manuais e
currículos de História. Sendo assim, podemos depreender a importância de uma
análise/balanço acerca das Diretrizes Curriculares em História no Paraná, pois
se percebe a articulação direta entre o ensino e suas carências, e sua relação
com a construção do documento orientador. Entretanto a educação, e parte dela,
o ensino, decorrem e emergem diretamente no corpo social, exigindo que a
‘educação histórica’ responda à suas demandas e problemas.
Existe
uma forte crítica ao distanciamento da produção historiográfica da educação
básica na disciplina de Historia, fruto de uma hierarquização de saberes e de
uma incompreensão da relação da produção histórica com o ensino. Devemos olhar para o processo de construção
das Diretrizes Curriculares como ruptura e superação de modelos anteriores, em
seus diversos níveis. Para Schmidt, (2009) a criação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998) partiu do problema do fracasso e repetência
escolar, para propor um novo projeto de ensino em nível nacional.
Desconsideraram totalmente o contexto histórico-social e as potencialidades da
educação, como um poderoso processo de mudança social e autonomia política.
Apresentaram um modelo educacional sem um debate sobre educação, seu
significado e objeto social, e a preocupação com a repetência sistematizou o
debate de forma pontual e interventiva, focada numa ‘profilaxia social’.
Se
pensarmos em termos comparativos, os diferentes projetos educacionais,
contextualizados, sejam os Parâmetros Curriculares Nacionais e as Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná, percebemos concepções de modelos
teórico-metodológicos distintos. Precisamos ter em mente que suas concepções de
ensino se materializaram em programas de ensino e processos de aprendizagem
postos ‘no chão da sala de aula’ e a comparação entre os modelos citados
somente adquire significado quando podemos perceber os resultados reais de suas
implementações. Também precisamos perceber que a definição de ‘sucesso escolar’
é muito difusa e em geral reflete seu modelo educacional. Em termos de
documento, como proposta de transformação as Diretrizes Curriculares da Rede
Pública de Educação Básica do Estado do Paraná, inova sobre diversos aspectos
quando é pensada e construída socialmente:
...para a maioria da população brasileira, a escola constitui a alternativa concreta de acesso ao saber, entendido como conhecimento socializado e sistematizado na instituição escolar. Sob essa perspectiva de escola publica, construímos essas Diretrizes Curriculares, por meio de uma metodologia que primou pela discussão coletiva ocorrida, efetivamente, durante os ultimo cinco anos e envolveu todos os professores da rede. Com essas Diretrizes e uma formação continuada focada nos aspectos fundamentais do trabalho educativo pretendemos recuperar a função da escola pública paranaense que é ensinar, dar acesso ao conhecimento, para que todos, especialmente os alunos de classes menos favorecidas, possam ter um projeto de futuro que vislumbre trabalho, cidadania e uma vida digna. (PARANÁ, 2008, p. 8)
Em
diversas perspectivas, as Diretrizes Curriculares em História avançam se
comparadas aos Parâmetros Curriculares Nacionais; pontualmente podemos,
perceber, segundo Schmidt (2009, p. 29), que existe uma diferenciação entre
conhecimento escolar e conhecimento científico, bem como o tempo é tratado
pelos PCNs dentro de uma cronologia tradicional, que suscita uma forma de
linearidade. Outra crítica evidente é a opção pela descrição objetiva das
categorias do conhecimento, que não passam pela construção de formas de
compreensão históricas, ou seja, o aprender ‘história’ deve passar pelo ensinar
história, historicamente, desde que compreendida a relação com a ciência
histórica:
Como tais correlações são abordadas do ponto de vista da racionalidade do pensamento histórico, a mediação operada pela teoria entre ciência e profissão não pode reduzir-se a uma mera instrumentalização da ciência em benefício da profissão, nem se volta para a ciência “pura” em detrimento da aplicação dos conhecimentos por ela produzidos no contexto social do pensamento histórico. (RÜSEN, 2001, p. 42)
O
papel e o lugar da teoria histórica não podem ser desconsiderados em nosso
processo de análise, pois aliada a metodologia, acabam por sustentar o processo
de construção historiográfica. Em termos educacionais, a teoria permite a
construção de uma problematização e contextualização fundamental, para que o
aluno perceba como a história é construída, adquirindo um principio reflexivo
sobre a mesma.
Problematizando
a questão, durante os momentos iniciais da construção coletiva das Diretrizes
Curriculares em História, os professores se manifestaram em suas apreensões e
interesses, e os documentos síntese elaborados pela Diretoria de Ensino de
História – SEED, apontaram que 26,1% (PARANÁ, 2006) dos professores
participantes se preocupavam com a linha teórica-política que nortearia o
documento. De acordo com o parecer
CNE/CEB 04/98 das Diretrizes Curriculares Nacionais, não se adotou apenas uma
visão teórico-metodológica. Portanto, a adoção das linhas teóricas e
perspectivas diversas advindas da ‘Nova História’, ‘Nova História Cultural’ e
‘Nova Esquerda Inglesa’, mediaram os interesses dos educadores, e da politica
governamental contida no documento, adequando ao projeto curricular à
importância e significância desses referenciais dentro do campo da história. De
forma geral a análise e balanço dos resultados das Diretrizes Curriculares de
História para a educação básica paranaense se apresenta de forma urgente para a
investigação do campo educacional.
REFERÊNCIAS
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica.
História. Secretaria de Estado da Educação – SEED. Paraná, 2008.
RÜSEN, JÖRN. Razão Histórica: Teoria da história os
fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora Universidade de Brasília,
2001.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado
do Paraná: Documento preliminar. Secretaria de Estado da Educação SEED.
Curitiba: MEMVAVMEM, 2003.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de
Educação Básica do Estado do Paraná. Secretaria de Estado da Educação SEED.
Curitiba: MEMVAVMEM, 2006.
SCHMIDT,
Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel. Aprender
história: Perspectivas da educação histórica. Ijuí: Editora Unijuí, 2009.
Em minha opinião a adoção pelos professores de linhas teóricas e perspectivas diversas advindas da ‘Nova História’, ‘Nova História Cultural’ e ‘Nova Esquerda Inglesa’ acontece devido a formação do professor. A qualificação do professor deve ter como objetivo transformar práticas e culturas tradicionais.
ResponderExcluirAchei relevante a sua proposta de fazer uma análise do impacto na educação produzidos pelas Diretrizes Curriculares de História para a educação básica paranaense.
Concordo totalmente com você Juraci, quando fala de que "A qualificação do professor deve ter como objetivo transformar práticas e culturas tradicionais" positivamente. Também concordo que a formação dos professores influência fortemente seus aportes teóricos, mas também penso que a diversidade de instituições formadoras e licenciaturas acaba por criar uma variedade de referencias teóricos que contribuem para uma polissemia interpretativa, mas também criam uma variedade teórica que na mesma maneira que contribui, cria problemas quanto a uma metodologia e didática de ensino. Outra questão é que diversos professores tiveram sua formação anterior a chegada no Brasil dos referencias teóricos que sustentam as Diretrizes Curriculares. Mas são questões fundamentais para nós professores pensarmos nossa prática. Estou a disposição forte abraço.
ExcluirEvertom, essa "polissemia interpretativa" não é muito mais um ponto a favor do que contra?!
ExcluirDeveríamos ter só uma, ainda que fosse a mais completa e profunda possível?! Existe tal metodologia?!
Caro Rafael obrigado pela pergunta, espero respondê-la satisfatoriamente: Em termos de educação, acredito que devemos pensar no final da equação, nesse caso os alunos, pois devemos lembrar que uma teoria é antes de tudo, em sua própria formação, uma Metodologia. Pensar os pontos positivos de aportes, ou referências mais ou menos numerosos em relação a educação é muito positivo. Mas devemos refletir a relação da teoria/domínio dela por parte do professor, e de novo, no final da cadeia o aluno. O ensino de história deve articular os referencias ao currículo e a didática de ensino. Dessa forma uma variedade significativa de teorias implica numa variedade interpretativa ampla, dificultando a construção de perspectivas de ensino ou uma diretriz, etc. Perceba que durante o processo de aprendizagem, na sucessão do fundamental e médio, a possibilidade de variedades teóricas de ensino, pode dificultar o entendimento e compreensão do aluno, mesmo os professores em suas licenciaturas dominam relativamente algumas teorias e sobretudo suas relações com o ensino. Uma variedade ampla ou um perspectiva teórica reduzida, implica em uma relação de excesso e falta que recai sobre o ensino e o processo de aprendizagem. Noutro ponto, devemos perceber que algumas teorias/metodologias não se comunicam, por vezes entram em conflito, sob perspectivas históricas, quando não didáticas. Em geral as teorias da história não foram pensadas a partir do ensino de história o que cria dificuldades reais de transposição didática.
ExcluirTambém sou contra a uma única perspectiva teórico-metodológica para o ensino, pelos problemas naturais de uma única forma explicativa, ante a variedade social e histórica. Penso que uma medição entre a falta e o excesso seja bem vinda para o pensar o ensino de história, espero que as pesquisas que estão em andamento esclareçam mais a respeito da variedade teórica na sala de aula. Estou a disposição. abraço
Em minha opinião a adoção pelos professores de linhas teóricas e perspectivas diversas advindas da ‘Nova História’, ‘Nova História Cultural’ e ‘Nova Esquerda Inglesa’ acontece devido a formação do professor. A qualificação do professor deve ter como objetivo transformar práticas e culturas tradicionais.
ResponderExcluirJuraci Alves Miranda
Cara Juraci, é isso mesmo, também gostaria de apontar a influência dos debates historiográficos europeus, ou ocidentais que acontecem e a reprodução de autores e suas ideias no Brasil, isso diretamente influência a academia, os cursos de licenciatura e por decorrência o ensino. Não falo de um modismo solto e irresponsável, mas sim de influências reais nas escolas e no ensino, que por seu turno ou tempo se refazem ou se reconstroem. Abraço
ExcluirContribuindo para o debate posto, a criação das Diretrizes Curriculares em História no Paraná, foram um projeto de construção coletiva, ainda que receba criticas. Nos trabalhos que antecederam sua publicação os professores e a SEED, perceberam que apenas uma corrente Teórica limitaria e pouco representaria as diversas perspectivas politico-teóricas dentro da História. Dessa forma, a Nova Esquerda, Nova História e Nova Historia Cultural acabaram refletindo as mais presentes correntes teóricas. Existe um debate acerca da representatividade e ou limitação dos referências teóricos, entretanto um documento de referencia deve sim orientar o ensino de História.não determiná-lo. Obrigado. Estou a disposição
ResponderExcluirEstou na rede Pública de Ensino há anos e participei confiante da elaboração das Diretrizes Curriculares Estaduais desde 2004. Tanto a construção de um currículo escolar como sua implementação devem ser assinalados por um ordenamento metodológico político, ‘não podendo ser um projeto neutro’, mas sim cheio de intencionalidade, para aferir sua eficiência e eficácia. Como você viu em sua pesquisa a credibilidade/confiança na linha teórica metodológica política na atuação dos professores analisados? Que relato fazem a respeito da linha norteadora das DCEs? Prof. Cristina M. Barili Teixeira – Campo Mourão – PR.
ResponderExcluirOlá, obrigado pela pergunta, a pesquisa está em desenvolvimento e não tenho condições de auferir imediatamente o nível de compreensão/ domínio dos professores acerca dos referencias teóricos presentes na Diretriz Curricular em História do Paraná. A questão inicial que fundamentou a pesquisa, surgiu durante cursos, em dois anos, ministrados a professores de História, inseridos no PDE sobre a Diretriz Curricular. A grande maioria das professoras não havia lido o documento e o domínio teórico dos autores se apresentou em diferenciados níveis. Sabemos da falta de formação continuada dos professores e da variedade teórica nas licenciaturas, mas como você muito bem diz "Tanto a construção de um currículo escolar como sua implementação devem ser assinalados por um ordenamento metodológico político, ‘não podendo ser um projeto neutro’, mas sim cheio de intencionalidade, para aferir sua eficiência e eficácia". A proposta da pesquisa é fazer sim uma avaliação do processo e ponderar suas relações com o ensino, buscando contribuir para a compreensão de qual ensino de história temos e qual queremos. estou a disposição
ExcluirDe acordo com CREMA, “...para a maioria da população brasileira, a escola constitui a alternativa concreta de acesso ao saber, entendido como conhecimento socializado e sistematizado na instituição escolar.” Sob essa perspectiva, como a disciplina de História fruto de uma hierarquização de saberes vem trabalhando seus conhecimentos escolares e científicos?
ResponderExcluirEliane Cândido
Olá Eliane, obrigado pela pergunta. A citação que você apresenta, faz parte do documento da Diretriz Curricular de História do Paraná e mostra perfeitamente a relação problematizada, onde o conhecimento cientifico, historiográfico, deve ser transposto para a sala de aula de forma acessível e socialmente válido, sobretudo a partir das experiências do aluno e de sua realidade. A disciplina de História deve transmitir conhecimento histórico/social de forma significativa, permitindo ao aluno compreender e situar-se no tempo e agir de forma critica na sua própria realidade, que esperamos seja transformada positivamente. Quanto a Hierarquização, entre as disciplinas escolares e os próprios conteúdos de história, penso que a Diretriz Curricular aborda essa questão de forma importante e significativa, pois ao construirmos um conhecimento válido, significativo e critico em sala de aula, naturalmente quebramos hierarquias, problematizamos a realidade e construímos a transformação. Estou a disposição
ExcluirO autor, enfoca que: “A validade de qualquer currículo ou proposta educacional pode ser auferida a partir da perspectiva de eficiência e eficácia, manifesta nos níveis de compreensão e domínio da própria proposta curricular pelos docentes, bem como da satisfação advinda da docência.” Qual a forma mais eficaz de procedimento para levantar os problemas inerentes ao modelo curricular e suas relações com os referenciais metodológicos?
ResponderExcluirRosilene Candido de Azevedo
Olá Rosilene. Acredito que uma avaliação diagnóstica do processo educativo é uma perspectiva válida e necessária. Como a educação perpassa a escola, devemos olhar para toda a estrutura educacional. Entretanto a sala de aula, o chão da sala e sobretudo o cotidiano escolar devem construir a validade do conhecimento, olhados pela perspectiva de eficiência e eficácia, o professor deve estar seguro com a condução de sua aula, dos aportes teóricos e da didática utilizada, já o aluno deve manifestar interesse e desenvolver uma percepção positiva daquilo que aprende quando esse conteúdo é significativo para sua vida e realidade. Tudo o que não funcione ou limite o processo de educação ou deve ser percebido em sua condição e restabelecido de de forma eficaz e criticamente posto. Penso que analises qualitativas e acompanhamento do processo educacional podem criar marcos de referência para a validade do ensino, sobretudo o da consciência histórica. Estou disposição
Excluir“Um sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o compreende e como dele lhe é possível participar” (PARANÁ, 2008, p. 8). Mas diante da tamanha falta de interesse dos alunos, como realmente conseguir "tocar o aluno" e fazê-lo consciente do seu papel como ser construtivo?
ResponderExcluirAcredito firmemente que a afetividade, conceito desenvolvido por Paulo Freire é um caminho extremamente profícuo, não uma afetividade banalizada pelas más interpretação e não compreensões do que Paulo Freire defendia. Segundo, quando o aluno consegue relacionar o conhecimento de sala de aula com sua vida prática, ele constroem um quadro de referencia e de validade do conhecimento de forma natural e resinifica sua condição. Por isso, uma didática da história deve contemplar essa perspectiva. Também esperamos do professor, coerência, dedicação e compromisso ético na prática, pois esses elementos constroem uma relação de reconhecimento e respeito mútuo entre professores e alunos, ou nós não temos referências de professores que mudaram nossas vidas, seja pela eficacia do conhecimento que nós passaram ou por suas posturas éticas, ou melhor por tudo isso junto. Eu acredito sim.
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