Fábio André Hahn

A TECNOLOGIA EDUCACIONAL NO ENSINO DE HISTÓRIA:
UMA PROPOSTA A PARTIR DA METODOLOGIA WEBQUEST*
Fábio André Hahn
UNESPAR


A proposta, neste texto, é tratar brevemente de alternativas e de possibilidades da utilização das tecnologias educacionais no ensino de História, com foco na metodologia WebQuest. O que se tem verificado, de modo geral, é o baixo número de pesquisas e de materiais didáticos voltados ao tema, considerando o contexto emergente da utilização das tecnologias, em especial da utilização pelos jovens estudantes.

O desafio é como aliar as tecnologias já marcadamente presentes e consolidadas no dia a dia do convívio social com o currículo de base nas escolas, de modo a verificar a possibilidade da melhoria no processo de ensino-aprendizagem da História.

A proposta aqui apresentada foi desenvolvida e aplicada em turmas de 3ºs anos do Ensino Médio em quatro escolas estaduais de quatro diferentes municípios da Mesorregião Centro-Ocidental do Paraná:


Mapa

A ideia inicial era verificar como estudantes de diferentes realidades sociais e educacionais se comportariam na utilização da metodologia WebQuest no ensino de História. Qual a viabilidade na utilização da metodologia? É possível verificar, em curto período de tempo,melhoria na aprendizagem dos estudantes? Qual é a reação dos estudantes na utilização da internet no ensino de História?

Tentando responder a essas questões iniciais e que foram pontuadas a partir da divulgação de dados nacionais que tratam sobre o acesso às tecnologias mais próximas dos jovens estudantes das escolas, o primeiro elemento motivador da investigação foi o acesso aos dados publicados pelo CETIC (http://cetic.br/pesquisa/educacao/) no relatório sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC em Educação que, desde 2010, apresenta os resultados de sua investigação em inúmeros eixos. Os resultados da pesquisa de 2012 e 2013 apontam para o fato de que 99% das escolas brasileiras já possuem computadores. Já quanto ao acesso à internet nessas escolas, os dados apresentados foram os seguintes:



Figura 1 – Gráfico: Escolas com acesso à internet
Fonte: CGI.br, 2012 e 2013 – Relatório TIC Educação 2012 e 2013

Os dados revelam um aumento de 5% do acesso à internet, portanto um crescimento representativo dentro de um percentual bastante elevado e que alerta para a necessidade de explorar essa ferramenta disponível em grande escala nas escolas brasileiras. Já os dados que apontam sobre o fato de os estudantes disporem de computador em casa, os dados apresentados pela CETIC foram:


Figura 2 – Gráfico: Estudantes que possuem computador em casa
Fonte: CGI.br – Relatório TIC Educação 2010, 2011, 2012 e 2013

O aumento do número de estudantes que possuem computador em casa é representativo, sendo possível estimar que, na continuidade da escalada de crescimento, a maior parte deles obtenha acesso ao computador em sua residência até 2017. Ao mesmo tempo que o crescimento é representativo, também é representativo o número de estudantes que ainda não possuem o computador em casa, pois atinge ainda um total de ¼ deles.Assim, portanto, trata-se de uma parcela significativa, o que reporta para a necessidade de planejamento no uso e na abordagem das tecnologias educacionais. Nesse sentido, a pesquisa revelou que, em 2013, 97% dos estudantes já utilizaram o computador e 95% já utilizaram a internet, o que revela que esta não é uma prática nova para os estudantes. Quanto ao fato de os estudantes terem acesso à internet em casa, os relatórios TIC apontaram que:



Figura 2 – Gráfico: Estudantes que possuem acesso à internet em casa
Fonte: CGI.br – Relatório TIC Educação 2010, 2011, 2012 e 2013

A partir desses dados, fica evidente que há um crescimento significativo, apesar de uma parcela representativa de estudantes não dispor ainda do acesso à internet em casa. Na escola, as iniciativas desenvolvidas são inexpressivas, para não reduzir essa realidade à nulidade total, caminhando na contramão do crescimento do acesso tanto ao computador, quanto à internet. Enquanto os estudantes que ingressam anualmente nas escolas são cada vez mais tecnológicos, os professores ainda mantêm métodos de ensino e aprendizagem que pouco se modificaram nas últimas décadas. Trata-se de um evidente descompasso entre gerações e que pouco se modificou ao longo dos últimos anos do século XX e dos anos iniciais do século XXI.

Em decorrência disso, propomos uma metodologia que aproxime os estudantes com as ferramentas tecnológicas, neste caso em especial, do computador e da internet.

A metodologia
Em virtude dos dados acima apresentados, optamos por apresentar a aplicação de uma metodologia que aproximasse a utilização da tecnologia educacional do ensino de História. Evidente que ainda temos problemas com laboratórios de informática, com poucos materiais didáticos disponíveis e com falta de qualificação dos professores para lidar com as ferramentas tecnológicas, mas os professores precisam ser instruídos no uso do computador, superando o medo e a desconfiança em relação ao uso da tecnologia.

O professor, como destacou Valente (2002), deve conhecer o que cada uma dessas facilidades tecnológicas tem a oferecer e como pode ser explorada em diferentes situações educacionais. É preciso que o professor tenha condições de aliar conhecimentos técnicos e pedagógicos, de modo que possa orientar e desafiar os estudantes para que a atividade contribua para a geração de novos conhecimentos. Ou seja, as representações mentais dos estudantes precisam ser confrontadas entre si para que ocorra a aprendizagem, impondo um freio de emergência que desacelere o processo aparentemente inócuo de distração, para que possam pensar e discutir sobre o que aprenderam (ZUIN, ZUIN, 2011).

A metodologia WebQuest é uma alternativa que propomos aqui.O conceito foi criado em 1995 por Bernie Dodge e Tom March, tendo por proposta o desenvolvimento de uma atividade investigativa com o uso da internet. A proposta WebQuest é elaborada e orientada pelo professor com questões e tarefas a serem investigadas por grupos de estudantes. Trata-se, portanto, de uma atividade de aprendizagem colaborativa, podendo fazer uso na pesquisa de fontes principalmente em páginas da web, mas também pode recorrer a outros recursos, como livros, vídeos e imagens, sem esquecer que a WebQuest deve sempre ser orientada e supervisionada pelo professor, evitando o que Dodge chamou de “surfagem” pela rede.

Com base em Dodge (1999), Bottentuit Júnior e Coutinho (2012) informam que a WebQuest é constituída de algumas etapas, como: (i) introdução ao tema, com objetivo de preparar a proposta e fornecer informações gerais; (ii) a tarefa com linguagem simples, para estimular o aluno a desenvolvê-la; (iii) o processo no qual o aluno deverá se orientar para a realização da tarefa; (iv) os recursos caracterizados como pistas disponíveis na web para a produção do conhecimento; (v) a avaliação, que fornece ao aluno os indicadores qualitativos e quantitativos referentes à atividade proposta; e (vi) a conclusão, que propõe um desfecho da proposta sobre o que aprenderam, mas que também aponta para a continuidade da investigação.

A WebQuest é essencialmente constituída de uma interface na internet que apresenta caminhos de pesquisa que podem ser tanto on-line, quanto materiais disponíveis na biblioteca, como de mapas e referências bibliográficas. É, entretanto, preciso tomar alguns cuidados quanto aos limites da metodologia. Conforme Bottentuit Júnior e Coutinho (2012, p. 75), “[...] para ser uma verdadeira WebQuest, a atividade deveria incluir tarefas que solicitassem a transformação da informação pesquisada e recolhida num novo produto ou numa nova informação que refletisse a capacidade dos estudantes criarem novos saberes”. É, portanto, preciso ter claro que a metodologia tem os seus limites e que, frequentemente, é confundida com a WebExercises, que está voltada ao cumprimento de uma atividade de exercitação e não de transformação em uma nova informação, em um novo saber.

O caso desenvolvido
Para a aplicação da metodologia WebQuest desenvolvemos um site que apresenta uma interface que pudesse atrair os estudantes para o desenvolvimento da atividade. O site, intitulado Janela para a história, ainda está em fase de avaliação, mas já está disponível e poderá ser consultado no seguinte endereço: http://www.unespar.edu.br/janelaparaahistoria:



http://www.unespar.edu.br/janelaparaahistoria/

Inicialmente foram desenvolvidos três casos com conteúdos que estivessem voltados à História do Paraná, em especial conteúdos que reportassem a elementos comuns aos estudantes dos quatro municípios em que a metodologia seria aplicada. As propostas foram: (i) O cotidiano da colonização da região de Campo Mourão; (ii) Imigrantes ucranianos no Paraná; (iii) Descobrindo a história da Estrada Boiadeira.

Optamos, neste momento, por apresentar alguns elementos do terceiro caso desenvolvido e aplicado: “Descobrindo a história da Estrada Boiadeira”.



http://www.unespar.edu.br/janelaparaahistoria/casos/3.html

Antes de iniciarmos a aplicação da metodologia nas escolas, realizamos uma exposição do funcionamento da ferramenta no laboratório de informática. Na sequência os estudantes foram divididos em duplas, de modo que fosse estimulado o trabalho colaborativo de investigação entre eles.

Na proposta “Descobrindo a história da Estrada Boiadeira”, a parte inicial do caso trata de uma rápida contextualização da abertura de estradas no Paraná no começo do século XX e de que a estrada conhecida como “boiadeira” teria tido iniciado ainda no final do século XIX, na época com propósito de fazer ligação dos estados do Paraná e do Mato Grosso [Sul], estando ainda hoje inacabada. Com essa contextualização inicial, o objetivo é fazer os estudantes se questionarem, ficarem intrigados sobre a importância da estrada e do porquê de não ter sido concluída. Como tarefa,propusemos que os alunos se imaginassem um personagem representante do governo estadual, convidado para realizar um estudo sobre a história da abertura da estrada e que deveria ser relatada em uma carta endereçada ao governador do Estado.

Definida a atividade a ser realizada, apresentamos no tópico “passo a passo” uma etapa constituída de 9 pistas a serem investigadas que tratam do caso da abertura da Estrada Boiadeira. O objetivo, nesse momento, foi fornecer três tipologias de fontes diferentes sobre o tema:(i) trechos de documentos; (ii) mapas; (iii) fotografias. Entre os historiadores parece haver consenso quanto à importância do uso das fontes históricas em sala de aula, favorecendo o entendimento e a compreensão do tema pelos estudantes, dentre a multiplicidade de possibilidades de abordagens possíveis. Dessa forma, procurando romper o verbalismo, a reprodução e a memorização comuns nas aulas de História, procuramos fornecer condições para que os alunos pudessem aprender a formular hipóteses a partir de diferentes fontes históricas.

As pistas iniciais tratam de trechos de documentos, como é o caso do texto escrito por Luiz Cleve em 1903 e tratando sobre as primeiras iniciativas realizadas. Na sequência vai uma pista fazendo referência à estrada em 1908 e como ela já aparecia no mapa do estado do Paraná. A opção foi utilizar vários mapas,tanto de época, quanto mapas atuais, que foram adaptados estabelecendo a rota da estrada e a localização do município em que os estudantes vivem, para demonstrar o quanto a estrada está geograficamente próxima a eles. Além disso, as pistas estão repletas de imagens, de modo a colaborar na compreensão do tema e a aguçar a imaginação referente ao período.

Entre os documentos de época estão trechos dos textos publicados por Edmundo Mercer em 1913 no jornal Diário dos Campos, de Ponta Grossa. Mercer escreve sobre o período de 1910-1912, momento em que a população vivia a comemoração da abertura da estrada. Por fim, uma pista que aproxima os estudantes da realidade atual de trechos da Estrada Boaideira por meio de fotografias. A tarefa proposta aos estudantes está voltada à produção da carta endereçada ao governador do Estado e da exposição oral aos colegas da pesquisa realizada.

O propósito, com essa atividade, foi tratar de uma temática próxima à realidade dos estudantes, apoiada por uma mescla de fontes e por uma investigação aliada aos recursos tecnológicos disponíveis.

Considerações
Como considerações preliminares podemos apontar alguns resultados iniciais já verificados, apesar de a pesquisa ainda estar em andamento.Nas observações realizadas in loco constatou-se que os estudantes se mostraram interessados em desenvolver as tarefas propostas e não demonstraram dificuldades no manuseio da ferramenta, o que foi um ponto positivo. Depois, no entanto, na escrita da carta apresentaram algumas dificuldades, especialmente de redação e de organização das ideias, mas conseguiram atingir o resultado mínimo proposto, que era o desenvolvimento de um trabalho colaborativo em que demonstrassem ter compreendido o tema e utilizado as diferentes fontes apresentadas nas pistas da investigação, produzindo um texto coerente e,de modo geral,criativo.

Com isso, atingimos um duplo resultado: (i) por um lado, avanço na verificação e na utilização da metodologia, assim como dos recursos tecnológicos a serem disponibilizados aos professores da rede pública de ensino; (ii) por outro, a boa recepção por parte dos estudantes nas escolas e seu aproveitamento na atividade desenvolvida.

As novas metodologias a partir do uso da tecnologia para o ensino de História podem ajudar, desde que contextualizadas com a realidade escolar, sendo necessária a conscientização de que a tecnologia não traz apenas benefícios, pois, quando não mediada adequadamente, surte efeito oposto, gerando consumo de informações instantâneas, sem gerar aprendizagem. Essa dificuldade de mediação adequada é, sem dúvida, ainda um grande desafio docente, pois, sem essa competência educacional, de nada adianta a tecnologia instalada nas escolas.

Quanto à instalação dessa tecnologia, também ali encontramos uma séria dificuldade na utilização dos computadores e da internet nas escolas. Não fossem os inconvenientes corriqueiros que prejudicam o trabalho com a metodologia (como a falta de manutenção dos computadores, lentidão e instabilidade da conexão com a internet), também a escola não dispõe de nenhum profissional habilitado para dar suporte nesse espaço de formação, o que, aliás, não é nenhuma novidade para os que já conhecem um pouco da realidade das escolas públicas. Essa situação, entretanto, revela um elemento agravante ao pensarmos no atual contexto tecnológico em que vivemos:a distância do ensino nas escolas em comparação com a realidade contextual dos estudantes. É difícil falar em uso das tecnologias na Educação Básica quando ainda vivenciamos dificuldades primárias.Pouco avançamos na forma de ensinar História ao longo das últimas décadas. Justificável seria mantermos o formato de ensino se os resultados de aprendizagem fossem satisfatórios, mas infelizmente também estamos distantes dessa meta. Isso não quer dizer que a utilização das tecnologias educacionais no ensino de História seja a solução na formação dos estudantes. Certamente não é, mas pode ser um caminho de mudanças. É difícil, no entanto, avaliar o que contribui e o que não contribui quanto ao uso dos recursos tecnológicos educacionais. Isso acontece pelo simples fato de encontrarmos poucos estudos testando possibilidades mais robustas nessa área para podemos emitir um parecer melhor fundamentado.

O laboratório de informática na escola precisa fazer parte efetiva das aulas de História, desde que planejadas e desenvolvidas com metodologia e ferramentas apropriadas de modo que seja possível avaliar os impactos. É inegável que a disciplina de História está presente na internet, e com muita força, basta falar de redes sociais como Café História, que já possui mais de 54.000 participantes e que, atualmente, é a maior rede social de História da internet e que, ao longo de seis anos, já ultrapassou a marca de 20 milhões de acessos (FAGUNDES; HAHN, 2014).Temos conteúdo de História qualificado na rede, basta fazer a triagem do que é útil. Ao professor não basta ter conhecimento técnico básico sobre computadores, mas precisa estar preparado para criar condições para a construção do conhecimento, perceber as perspectivas educacionais e as diferentes aplicações possíveis.

Por fim, a escola,de modo geral,precisa se adequar às mudanças contextuais, mas, para que isso ocorra, é preciso de investimento mais sólido em pesquisas e na formação do professor. Essa realidade, infelizmente, parece cada vez mais distante.

* A proposta desta investigação conta com apoio do CNPq. As primeiras experiências com a metodologia WebQuest foram desenvolvidas e aplicadas nos projetos de extensão do Programa Universidade Sem Fronteiras (USF) em 2013/2014 e do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) em 2014.

Sugestões de leituras:
ALMEIDA, Anita; GRINBERG, Keila. Detetives do passado no mundo do futuro: divulgação científica, ensino de História e internet. Revista História Hoje, v. 1, nº 1, p. 315-326, 2012.
BOTTENTUIT JUNIOR, João Batista; COUTINHO, Clara Pereira.Recomendações de qualidade para o processo de avaliação de WebQuests. Ciências & Cognição, v. 17, nº 1, p. 73-82, 2012.
BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma história social da mídia: de Gutenberg à internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
CAIMI, Flávia Eloísa. História escolar e memória coletiva: Como se ensina? Como se aprende? In: MAGALHÃES, Marcelo; ROCHA, Helenice; GONTIJO, Rebeca (Org.). A escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p. 65-79.
DODGE, Bernie. WebQuests: a technique for internet – based learning. The Distance Educator, v. 1, nº 2, 1995.
FAGUNDES, Bruno Flávio Lontra; HAHN, Fábio André. História e realidades on-line: colocações sobre produção, difusão e ensino - Bruno Leal. Revista NUPEM (on-line), v. 6, p. 11-25, 2014.
MARTINS, Hugo Manuel Oliveira. A webquest como recurso para aprender história: um estudo sobre significância histórica com alunos do 5º ano. 262 f. Dissertação (Mestrado em Educação – Supervisão Pedagógica em Ensino de História) – Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, Braga/Portugal, 2007.
VALENTE, José Armando. A espiral da aprendizagem e as tecnologias da informação e comunicação: repensando conceitos. In: JOLY, M. C. Tecnologia no ensino: implicações para a aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo Editora, 2002. p. 15-37.
ZUIN, Vânia Gomes; ZUIN, Antônio Álvaro Soares. Professores, tecnologias digitais e a distração concentrada. Educar em Revista, Curitiba, n. 42, p. 213-228, out./dez. 2011.

PERGUNTAS

Nossa é muito interessante essa metodologia e o site
janelaparaahistoria tem uma abordagem investigativa a qual desperta o interesse do aluno. Gostaria de saber como pode ser feito um Webquest? O que é preciso? e se o site janela para a história irá fazer outros casos? por Marcela Biasi

RESPOSTA:

Marcela. Fico feliz que tenha gostado. A ideia além de tentar uma aproximação com a realidade dos alunos nas escolas é, nesse primeiro momento, verificar a viabilidade e os resultados que podemos obter com novas estratégias de ensino e os resultados no processo de aprendizagem dos alunos.

A WebQuest é uma metodologia simples e que precisa de uma interface na internet. Essa interface pode ser construída em várias plataformas diferentes, como: google sites, blogs ou sites como o Janela para a História.

Apesar da WebQuest ser simples, é preciso cuidado em sua elaboração. Além do cuidado na construção da interface é preciso atenção específica no conteúdo a ser proposto e nas pistas a serem disponibilizadas, de modo que o aluno se aproxime dos resultados com o qual se planejou o caso. É importante alertar que a WebQuest apresenta algumas características especificas próprios de sua metodologia e que muitas vezes são confundidas com WebExercises. A WebExercises (Exercícios na Web) é uma busca simples de informações pontuais e que não contempla um processo de construção de novos conhecimentos. Para diferenciar uma WebQuest de uma WebExercise basta entender que esta última é um primeiro estágio com menor complexidade na seleção e organização das informações. Caso tenha interesse, sugiro ler o texto:

BOTTENTUIT JUNIOR, João Batista. Análise de WebQuests em língua portuguesa disponíveis on-line: aspectos relativos à qualidade dos componentes e da usabilidade. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 90, n. 224, p. 102-121, jan./abr. 2009.

Sim, a proposta do site Janela para a história é ampliar o número de casos após uma avaliação mais cuidadosa dos resultados. A ideia é possibilitar aos professores da Educação Básica e demais interessados a disponibilização de casos que já tenham sido testados e que tenham uma abrangência maior. Espero que em breve possamos apresentar mais casos e resultados mais concretos.

Agradeço pelos comentários e pelas perguntas.


24 comentários:

  1. mesmo com todas as dificuldades com a pesquisa, os alunos conseguiram construir alguma criticidade em relação aos assuntos abordados??

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    1. Marcelo, avaliando os resultados preliminares de modo geral é possível afirmar que sim. No entanto, é importante dizer que isso não é unânime. Tivemos os dois extremos, alunos que demonstram resultados surpreendentes e alunos que declararam abertamente que não havia gostado da proposta e não conseguiram avançar. De todo modo o impacto foi significativo e representativo junto a grande maioria dos alunos, o que tem nos deixado animados em continuar a investigação para lapidarmos melhor a proposta.

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  2. Como se dá o processo de integração de comunicão no espaço educativo e de que maneira estas praticas educativas e comunicativas sinalizam para beneficiar os processos de inclusão social de jovens de comunidades carentes?

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    1. Lia. Do que tenho acompanhado na investigação empírica é que o processo de integração de comunicação no espaço de formação ocorre adequadamente. No entanto, sofremos com a falta de materiais adequados para o trabalho em sala de aula e que seja acompanhado dos recursos tecnológicos. Isso de fato dificulta os avanços na área.
      Quanto a questão sobre como as práticas apontadas sinalizam para beneficiar a inclusão social. Essa é uma questão complexa. Na verdade para pensar a questão é preciso retomar um elemento anterior, qual seja: os jovens de comunidades carentes tem acesso ao computador e a internet? Em caso positivo, as possibilidades de integração são mais reais. Entretanto, para o desenvolvimento de práticas educativas eficientes, a escola precisa fornecer o mínimo de infraestrutura. Temos verificado que essa é uma questão que apresenta maior variação entre as escolas. De todo modo, a realidade de acesso as tecnologias permite uma maior inclusão social, esse parece um contexto mais otimista.
      Já se a resposta for negativa, as dificuldades de integração aumentam significativamente. Apesar do aumento na acessibilidade referente as tecnologias, conforme apontado recentemente pelas pesquisas do IBGE, essa ainda é uma questão difícil de resolver. Nas investigações realizadas temos encontrado em todas as escolas jovens excluídos do mundo digital e tecnológico, o que poderia ser solucionado parcialmente dentro do espaço escolar com atividades específicas de inclusão.
      Agradeço pela pergunta. De fato essa é uma questão fundamental e que precisa ser investigada e pensada constantemente.

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  3. Qual o numero de alunos que desenvolveram este trabalho na WebQuest ? Nas turmas que foi aplicado esta metodologia houve a participação de todos os alunos?

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    1. Juraci. A pesquisa iniciou com a participação de mais de mil alunos das escolas. Entretanto, na aplicação dos casos optamos por reduzir e desenvolver os casos apenas com alunos do Ensino Médio, portanto reduzindo para mais da metade. Entre os acadêmicos envolvidos, tivemos em primeiro momento a participação de quatro acadêmicos bolsistas e dois profissionais que haviam concluído sua graduação recentemente.
      Sim, nas turmas em que aplicamos a metodologia tivemos grande participação. De modo geral, os alunos tem grande interesse pelo uso de recursos que estão mais próximos da realidade deles. Porém, a participação não foi unânime, encontramos alunos na maior parte das turmas que demonstraram não gostar da proposta ou apresentarem dificuldade no desenvolvimento da atividade.
      Agradeço pelas perguntas.

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  4. Boa noite, muito interessante essa tecnologia webquest, eu mesma nunca havia ouvido falar, acredito que essa metodologia irá despertar interesse nos alunos. Gostaria de saber se além desse link que vc indica no seu texto existem outros para trabalharmos com os alunos? (Viviane Regina Árcega de Souza)

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    1. Viviane. Agradeço pela pergunta e pelos comentários. Realmente a metodologia WebQuest não é muito conhecida no Brasil. A proposta é atrativa para os alunos, temos conseguido resultados iniciais interessantes. A preocupação ao desenvolver os casos sempre foi para qual faixa etária é direcionada, pois isso influi muito na construção da proposta e na complexidade da tarefa a ser desenvolvida. Na área de História é possível encontrar materiais disponíveis na rede, mas como a metodologia é muito recente, os casos na maior parte das vezes, foram desenvolvidos no calor do momento e apresentam alguns problemas ou metodológicos ou de conteúdo. Uma das propostas que serviram de inspiração inicial foi desenvolvida na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, sob coordenação das professoras Keila Grinberg e Anita Almeida com o projeto Detetives do Passado e que pode ser consultado no seguinte endereço: http://www.historiaunirio.com.br/numem/detetivesdopassado/
      A diferença que a proposta da Unirio faz algumas adaptações e foge da proposta original da metodologia WebQuest. No entanto a essência é a mesma.
      A metodologia pode ser encontrada em blogs, que hoje é uma das plataformas mais fáceis para criar os casos. Veja alguns exemplos:
      https://sites.google.com/site/claricelpifma/home
      http://www.webquesttiradentes.blogspot.com.br/

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  5. O trabalho foi muito bem elaborado e acredito que deva ser incentivado. Seria interessante construir outras WebQuests abordando assuntos centrais da história do Ensino Médio. Já pensaram em realizar alguma formação sobre o uso pedagógico da WeQquest com os professores de história da rede estadual, visando parcerias para elaboração de conteúdo para novas WebQuests?

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    1. Giselli. Agradeço pelos comentários e pela pergunta. Sim, temos a intenção de aumentar o número de casos e com temas mais centrais e gerais, de modo a atingir um número maior de alunos e professores. Por hora ainda estamos em uma fase de avaliação dos resultados, aperfeiçoando a forma de aplicação e os próprios casos desenvolvidos, pois a metodologia ainda é recente e precisa ser estudada com cuidado para verificar a efetividade dos resultados. No entanto, pretendemos como você destacou, realizar atividades de formação junto aos professores da Educação Básica. Essa é nossa próxima etapa e consideramos essa ação fundamental para conseguirmos avançar tanto na instrução de como aplicar a metodologia, quanto na produção de casos pelos próprios professores.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Muito interessante seu texto, pois a realidade da tecnologia das escolas é realmente precária, e com isso os professores acabam utilizando a metodologia de livros, quadro negro, tv Pendrive, enfim fazendo com que os alunos percam o interesse pela aula, pois estão munidos com celulares de última geração, a internet de certa forma acaba atrapalhando, pois ficam conectados somente em sites de relacionamento, muitos nem sabe que a internet pode trazer também muita informação necessária para os estudos do dia a dia.
    A ideia de Webquest é de grande valia, pois assim o professor pode dinamizar sua aula, fazendo com que o interesse pela história, salte aos olhos dos alunos através do computador, podendo motivá-los a aprofundar na história de seu município e região. Luciana Chagas Madeira.

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  8. Essa proposta é encantadora, inovadora e fundamental no ensino aprendizagem dos nossos jovens. As TICs nas últimas décadas têm sido uma poderosa ferramenta para o professor dinamizar suas metodologias e fazer com que os estudantes tenham um olhar diferenciado de mediar o conhecimento, evitando assim, a "lousa cheia" de escritas errôneas e ilegíveis e o aluno tem que copiar se não "perde nota". Bernie Dodge ao apresentar essa metodologia da WEBQUEST certamente muito contribui e contribuirá para implementar a busca de conhecimento de um jeito novo e diversificado tanto para o discente como para o docente. Mas como desmistificar essa fobia das TICs por grande parte dos professores? Em pleno Século XXI com o avanço de sofisticados softers e websites riquíssimas fontes que podem contribuir na dinamização do Ensino Aprendizagem ainda há professor que determina que o aluno faça trabalho manuscrito de dez laudas... E viva Dodge e Tom March.

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  9. “Enquanto os estudantes que ingressam anualmente nas escolas são cada vez mais tecnológicos, os professores ainda mantêm métodos de ensino e aprendizagem que pouco se modificaram nas últimas décadas.”Essa afirmação gela meu coração. É claro que temos maus professores, como em qualquer profissão, porém, com 30/40 alunos por turma, até chegar ao único laboratório com poucas máquinas funcionando, ligá-las, acessar o conteúdo com a Internet mais lenta que uma tartaruga... a aula acabou. Outra coisa: o autor conhece o aparelho multimídias enviado pelo Governo Federal? Pois é... temos cerca de 30 salas de aula e apenas um desses pesados aparelhos para serem transportados da mecanografia, no térreo até o segundo andar. Isso desmotiva qualquer um... não é verdade? No entanto, a metodologia webquest é muito interessante, não só para aulas de História como de outras disciplinas.
    Joana d'Arc Conrado

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  10. Porque usar só a tecnologia se temos tantos livros de história?
    Belarmina Ribeiro de Sousa

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  11. A metodologia da WebQuest é realmente muito interessante, especialmente da forma como você coloca, como um meio de transformar informação em conhecimento. Apenas gostaria de saber se houve uma contextualização geral do tema antes dos alunos serem levados ao laboratório de informática? E se foi demonstrado a eles a possibilidade de acessarem a WebQuest em outro locais, como em casa, no celular?

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  12. Parabéns professor Fábio e equipe! Como pedagoga e professora acredito que os estudantes em contato constante com conteúdos na internet, por exemplo a WebQuest, se bem problematizados e mediados, poderão aprender mais e mais significativamente os conceitos dos tais conteúdos. Fica mais fácil transportar o conteúdo científico em conteúdo de ensino (ARNONI, 2008). Penso que aprendemos mais quando se envolve a pesquisa em dupla ou individual, implementando com instrumentos físicos e simbólicos (Vigotski/Sforni e Galuch, 2009), com as devidas análises, sínteses e verbalização do que aprenderam.
    “Essa dificuldade de mediação adequada é, sem dúvida, ainda um grande desafio docente, pois, sem essa competência educacional, de nada adianta a tecnologia instalada nas escolas”. Então, como foi feito o trabalho de conscientização prévia com os professores de História dessas turmas e como estavam tecnicamente preparados (sabiam ou não lidar com as ferramentas propostas por vocês?
    “De acordo com os relatórios TIC – 2013 , 71 % dos alunos possuem acesso à internet em casa”. Isso foi verificado e constatado se a realidade dos alunos envolvidos na pesquisa está dentro destes parâmetros? Prof. Cristina M. Barili Teixeira – Campo Mourão.

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  13. Parabéns professor Fábio e equipe! Como pedagoga e professora acredito que os estudantes em contato constante com conteúdos na internet, por exemplo a WebQuest, se bem problematizados e mediados, poderão aprender mais e mais significativamente os conceitos dos tais conteúdos. Fica mais fácil transportar o conteúdo científico em conteúdo de ensino (ARNONI, 2008). Penso que aprendemos mais quando se envolve a pesquisa em dupla ou individual, implementando com instrumentos físicos e simbólicos (Vigotski/Sforni e Galuch, 2009), com as devidas análises, sínteses e verbalização do que aprenderam.
    “Essa dificuldade de mediação adequada é, sem dúvida, ainda um grande desafio docente, pois, sem essa competência educacional, de nada adianta a tecnologia instalada nas escolas”. Então, como foi feito o trabalho de conscientização prévia com os professores de História dessas turmas e como estavam tecnicamente preparados (sabiam ou não lidar com as ferramentas propostas por vocês?
    “De acordo com os relatórios TIC – 2013 , 71 % dos alunos possuem acesso à internet em casa”. Isso foi verificado e constatado se a realidade dos alunos envolvidos na pesquisa está dentro destes parâmetros? Prof. Cristina M. Barili Teixeira – Campo Mourão.

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  14. Fábio como foi a experiência com a metodologia Web Quest no Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)? Os bolsitas que atuaram no Pibid também participaram da experiência nas escolas? Teria a experiência do Pibid funcionado como um laborátorio, um ensaio? Vc acha possível a utilização da metodologia da Web Quest em cursos de graduação?

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  15. Olá professor Fábio André Hahn

    Que bom que o nosso simpósio está promovendo o debate sobre o uso da tecnologia educacional na área de História, eu como grande entusiasta do assunto, só tenho a agradecer.

    Sempre gostei da metodologia do Webquest, pois ela é perfeita para as aulas da nossa disciplina em função de seu caráter investigativo.

    Nessa semana estou aplicando um webquest sobre Renascimento que eu mesma criei, os alunos do 7° anos estão adorando o desafio.

    Penso que temos de superar a precariedade do aparato tecnológico das escolas, mas antes que isso ocorra, é preciso incentivar o uso dessa e de outras ferramentas que dêem autonomia para o aluno fazem o trabalho em sua própria residência.

    Deixo abaixo o link para quem desejar acessar o webquest sobre o Renascimento que estou aplicando

    http://rapadetacho.wix.com/renascimento#!page2/cjg9

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    1. Acessei o site do Janela para a história e gostei muito do que vi, o design é muito atraente e a navegabilidade é bastante intuitiva.
      A meu ver foi um grande acerto explorar o tema da História Local que ajuda e muito a envolver os alunos, sobretudo, quanto as tarefas.

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  16. É muito interessante mesmo Camila Braz Viscardi, sem dúvidas que este 1º Simpósio Internacional foi um sucesso, parabéns a todos pelo empenho. Agora, quanto ao ensino, acredito que tratando-se da História, realmente os sites tecnológicos de ensino são muito bem vindos com apoio para aulas práticas. Romário Giovan Kingerski da Luz

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  17. Professor Fábio André Hahn, parabéns pela apresentação. Certamente que a criação do Webquest e do JaneladaHistoria são grandes apoios para o ensino de História. Gostaria de saber do professor, se o professor acha que sites tecnológicos podem servir como apoio para combater o preconceito e o racismo? O professor conhece algum site que trabalhe tecnologia e a História da África? Romário Giovan Kingerski da Luz

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