Sebastián Plá

ENSINO DE HISTÓRIA E JUSTIÇA SOCIAL: UM DEBATE POSSÍVEL
Sebastián Plá
UNAM
México


A pesquisa contemporânea em ensino de história para a educação básica e média pode ser rastreada até os últimos anos da década dos sessenta e princípios dos setenta. A partir daí ela cresceu exponencialmente, sobretudo nos últimos vinte e cinco anos, depois da Guerra Fria e com a perda de certo controle por parte dos Estados-Nação da história na escola. Foi na Inglaterra onde se iniciou parte significativa deste impulso; simplificando ao extremo para uma maior clareza expositiva, produziram-se duas visões sobre a história – e as ciências sociais – na escola que compartilharam e se diferenciaram em vários aspectos. Por um lado esteve Denis Shemilt, a quem graças a um estudo longitudinal e sua implementação curricular, The School’s Council History Project (SCHP), analisou e defendeu a potencialidade transformadora e  democrática do ensino das habilidades históricas aos estudantes de educação obrigatória. Digamo-lo simplesmente, Shemilt assentou as bases do movimento que se pode nomear de modo geral hoje em dia como ensino do pensar historicamente, com força especial no Canadá, Estados Unidos e, claro, na ilha britânica e em outros países de fala inglesa. Mas nessa mesma década, Lawrence Stenhouse desenvolveu The Humanities Curriculum Project, em que ao contrário de Shemilt, predominou uma lógica interdisciplinar na qual o centro não eram as habilidades cognitivas ou heurísticas disciplinares, senão a compreensão do presente a partir de temas controversos próximos aos estudantes, aos professores e inclusive aos pais de família. Ambas as posições compartilham algo, ademais de serem muito divergentes entre si, e repudiaram a história memorialística, enciclopédica e nacionalista, quer dizer, cresceram em oposição à história oficial tradicional.

Esta visão dicotômica – habilidades disciplinares e de pensamento frente a contextos culturais e políticos do presente – é demasiada inexata, mas útil para as minhas pretensões de gerar polêmica. É inexata porque não discute o papel da ciência na visão de Stenhouse ou do contexto das escolas e os alunos na visão de Shemilt, não aprofunda em suas aproximações à psicologia nem ao papel do professor ou as concepções de estudantes e nem sequer aborda a problemática dos conteúdos históricos, das humanidades ou das ciências sociais que pretenderam trabalhar nas aulas segundo cada projeto. Muito menos observa o que acontece dentro das aulas, quando se trabalha de uma ou outra maneira, e os métodos de pesquisa utilizados.*

* Seguramente existem muitas outras posturas sobre ensino de história. Algumas delas inclusive conjugam com êxito ambas as posições. Por exemplo, a proposta de consciência histórica de Jorn Rüsen e suas competências narrativas, que tiveram no Brasil uma influência significativa, poderia aparentemente localizar-se nesse lugar intermediário: as competências narrativas do lado das habilidades cognitivas e a consciência histórica e seus componentes como a cultura histórica, ao lado dos conteúdos controversos ou relacionados com o presente. No entanto, acredito que se analisarmos bem a proposta de Rüsen e suas derivações posteriores, a balança terminaria inclinando-se para o lado de habilidades cognitivas por duas razões: o caráter universal de sua proposta (que logo se modificou ao modo ocidental de pensar historicamente) se sustém em uma base cognitiva, não cultural e política. A segunda razão são as preocupações teóricas de Rüsen, centradas no cânone de pensar historicamente, quer dizer, que suas propostas terminam fundamentadas no pensamento disciplinar e não no contexto social. Podemos encontrar outra visão em uma proposta unificadora entre ambas as posições: ensinamos a pensar historicamente para compreender e solucionar os temas controversos ou os problemas de nosso presente de maneira científica e, portanto, democrática. Claro que a última assertiva também é discutível: desde quando a ciência em geral e a historiografia em particular são democráticas?

A forma dicotômica, ademais, não inclui os desenvolvimentos particulares em cada nação. Por exemplo, no México entre 1974 e 1992 dominou a proposta de ciências sociais e o ensino de temas relacionados com o presente e posterior às reformas dos noventa, a ênfase se deu principalmente no desenvolvimento de habilidades cognitivas e competências históricas. No Brasil, por exemplo, as reformas curriculares da última década do século XX também deram peso às competências e habilidades em cima dos conteúdos, mas a inclusão de temas, como a cultura afro-brasileira, produziu uma forma híbrida.*

*Em toda a América latina, mas notadamente no Brasil, a relação entre ensino de história e os problemas contemporâneos não provém das propostas inglesas dos anos setenta. A tradição freireana e o impacto de Ivan Illich na pedagogia da região são mostras suficientes desta pluralidade. No entanto, a dicotomia conceitual segue sustentando-se, independente da procedência das ditas tradições.

Na Alemanha, a tradição didática própria se encaminhou aos conceitos de consciência histórica produzidos por Rüsen ou pelos problemas da reunificação. A África do Sul, pela sua parte, iniciou sua época pós-apartheid preocupada com a história e as ciências sociais como componentes centrais para a reconciliação social; porém, atualmente, por trás de duas novas reformas curriculares, predomina a lógica de habilidades de pensamento e das competências. O Canadá, que iniciou nos noventa um projeto de consciência histórica e multiculturalidade, defende agora a avaliação em grande escala e a aprendizagem de seis habilidades básicas do pensar histórico, paradoxalmente, emoldurada dentro da consciência histórica e da multiculturalidade. Nos Estados Unidos, ainda que existam vários posicionamentos, predomina o projeto de pensar como historiador sobre o ensino da história para o bem comum. Na Argentina, a imensa preocupação pela memória da história recente se choca às propostas de competências dos anos noventa. Estes são somente exemplos que mostram as diversidades nacionais, mas que não eliminam de corte a minha classificação dicotômica, somente a matizam.

Porém, também é útil para introduzir a pergunta deste ensaio e tratar de lhe dar resposta: se o ensino de história ou as ciências sociais é parte constitutiva do curriculum ou dos planos de estudo de muitos sistemas educativos nacionais e os sistemas educativos têm – ou ao menos deveriam ter – à justiça social como parte medular de seus objetivos: que história ensinar na educação básica e obrigatória para fomentar a justiça social? Para esboçar alguma resposta utilizo a imaginação como instrumento analítico. Isto significa que na segunda parte deste texto apresento um debate fictício entre um acadêmico e uma acadêmica com a intenção de responder a pergunta a partir de duas perspectivas antagônicas. Também há uma terceira voz que representa a moderadora e a narradora. Antes de continuar, é necessário esclarecer que sempre há uma terceira posição que sustenta que a função da história na escola não está em fomentar a justiça social, senão em formar na identidade nacional, e se baseia em conteúdos factuais da história dos Estados-Nação. Esta posição, contra o que tanto Shemilt como Stenhouse lutaram nesse tempo “primevos” da pesquisa em ensino da história e as ciências sociais, segue sendo, todavia, muito poderosa nas políticas curriculares, mas dificilmente se defende no âmbito universitário e entre um importante número de docentes. Assim mesmo, como é uma concepção por princípio excludente, permaneceu excluída deste debate.

II

- A pergunta central deste debate é: que história ensinar na educação básica e obrigatória para fomentar a justiça social? – iniciou a moderadora.
         
O acadêmico defensor das habilidades de pensamento, psicólogo cognitivo de formação e com um amplo interesse na história tomou rapidamente a palavra:

- A justiça social e a educação dependem da qualidade da aprendizagem. Se conseguirmos que o aluno aprenda um conjunto de competências históricas embasadas na forma de pensar dos historiadores, quer dizer, a história como forma particular de conhecimento, os egressos da educação obrigatória poderão atuar com maior probabilidade de êxito no mercado de trabalho flexível ou na educação superior. Isto iguala as oportunidades e, portanto, promove uma sociedade mais justa.
Se a escola ensina efetivamente as competências históricas, logo o espaço que ocupe na sociedade não dependerá tanto das origens sociais ou da desigualdade econômica, senão do desempenho ou do mérito de cada um. Ademais, estas competências lhe permitirão, graças à capacidade de análise crítica das fontes históricas, atuar ativamente como membro de sua sociedade ou, em outras palavras, como um cidadão ativo e crítico. Isto termina, portanto, reduzindo os processos de desigualdade social e fomenta uma sociedade mais justa.

- Por minha parte – comentou a acadêmica dos temas contemporâneos, docente de profissão e com estudos de pós-graduação em ciências sociais – considero que a pergunta faz referência ao “para quê” do ensino da história. Como tal, ele está emoldurado nos contextos políticos, econômicos e teóricos mais amplos, sobretudo no que concebemos como uma sociedade mais justa. As sociedades atuais, especialmente a partir dos anos noventa e o crescimento desmedido da desigualdade social, devem ser tanto o objeto de estudo como o objetivo da inclusão da história no desenho curricular. No entanto, nem a escola nem o ensino da história são responsáveis por solucionar este tipo de desigualdades. A responsabilidade é do Estado, e em particular, das instituições governamentais responsáveis pela regulação das arrecadações, a cobrança de impostos e a justa redistribuição da riqueza por meio de diferentes bens e serviços públicos. Isto implica que se vigie e garanta que as diferenças entre os indivíduos sejam menores em relação à renda e ao status, independentemente de qual trabalho se desempenhe. A história na escola, portanto, deve ensinar as condições históricas e estruturais de desigualdade (como as relações de poder e a distribuição da riqueza) que caracterizam o presente e assim, com base nos problemas atuais, promover nos estudantes uma participação cidadã crítica que possa fomentar as condições de igualdade social.  Em outras palavras, a função do ensino de história para a justiça social é relevante enquanto ensine aos jovens a dimensão política de sua existência.

- É estranho, em suas respostas se utilizam as mesmas palavras, contudo, no que consigo distinguir, com significados diferentes. O primeiro é o de uma sociedade justa, o segundo o de cidadania crítica. Podem se aprofundar neles?

- Claro. Quando falo de uma sociedade mais justa, afirmo que toda relação social termina produzindo desigualdade, mas não é o mesmo uma desigualdade produzida pelos privilégios herdados, por exemplo, no Antigo Regime europeu ou pela diferença racial na África do Sul do Apartheid, que a desigualdade produzida pelos méritos de cada pessoa. Mas para que essa desigualdade seja justa desde a sua base, é necessário que a educação de qualidade garanta a todos os membros da comunidade o conjunto de habilidades que lhes permitam competir em igualdade de condições. O resultado então depende de cada pessoa. Neste ponto que é indispensável que a história, dentro da escola, ensine competências básicas, como a análise de fontes, a mudança e a permanência dos processos históricos ou a estrutura narrativa do pensamento histórico. Estas habilidades permitirão aos estudantes de educação básica serem críticos quando alcançarem a maioridade, e sejam cidadãos plenos de seu país. Por exemplo, as habilidades de contextualização e corroboração das fontes históricas permitem ao aluno ser crítico com a publicidade ou com a propaganda política; pois lhes ensina que há intenções nas mensagens que lhes enviam os políticos ou os meios massivos de informação. Mas, sobretudo, o crítico se fundamenta, ao contrário do que pensa nossa colega aqui presente, em que a história, enquanto ciência dona de uma forma particular de conhecimento, está isenta das parcialidades políticas. Graças ao pensamento histórico, entre outros conteúdos científicos, os alunos aprenderão a tomar decisões racionais.

- Efetivamente divirjo substancialmente com o que acabas de dizer. A igualdade de oportunidades é uma falácia. Está mais que demonstrado, pelo menos desde a sociologia crítica da educação de Bourdieu e outros tantos, de que as origens sociais são determinadas não só no desempenho escolar, sobretudo pelo lugar que se ocupa na sociedade. Quer dizer, o filho de executivo ganhará mais em sua vida que o filho do trabalhador porque é filho de executivo e não pelo seu desempenho acadêmico ou seus méritos pessoais. Para evitar e igualar realmente a base, o que temos é que controlar desde o Estado as desigualdades sociais, isso é, que o filho do trabalhador, se continua sendo trabalhador, tenha um ingresso muito mais próximo ao do executivo. A distância resultante não deve ser moralmente significativa. Portanto, a escola como direito é parte fundamental da justiça social, mas esta última depende de muitos outros fatores, como a redistribuição de renda. Inclusive, eu acrescentaria, a função da história na escola e de todo o sistema educativo para a justiça social reside, fundamentalmente, na formação dos indivíduos e os cidadãos muito mais além do aspecto econômico. Não devemos educar para o desempenho profissional futuro, sobretudo em educação básica, senão para a formação do sujeito integral. Este sujeito deve ser um cidadão crítico, mas não o será se crê que a ciência é um conhecimento neutro ou se possui as habilidades cognitivas de pensar historicamente. E o será enquanto possua o corpus conceitual e analítico que lhe permita ver a dimensão política de toda prática social e de todo conhecimento, e as condições de desigualdade simbólica e real que produzem e reproduzem. Por exemplo, sua ideia de neutralidade do conhecimento científico é uma posição científica que busca colocar o conhecimento científico que produz hierarquicamente acima dos outros, a que se considera invadido por interesses políticos, quer dizer, mesquinhos.

- Fica-me claro – mediou a moderadora – que o problema da justiça social está plantado em ambos os casos no âmbito da redistribuição da riqueza e dos bens em geral. Para um, a redistribuição reside na igualdade de oportunidades e a escola tem um papel importante nisso; para a outra, a redistribuição deve ser garantida por outras instituições do Estado, em especial aquelas que regulam os salários e os impostos. Mas isso somente é uma das faces da justiça social. Se seguirmos Fraser, outra face é o problema do reconhecimento, outra seria a da representação dos diferentes grupos sociais na discussão pública. O que podem dizer a respeito?

- É aí onde a história e as ciências sociais na escola cobram um papel relevante na justiça social. Se nos desatamos do estreito nó neoliberal que vê a educação somente em função ao sistema produtivo, inclusive nos distanciamos do economicismo do marxismo ortodoxo em que a estrutura é o determinante da superestrutura, poderemos compreender de forma cabal minha postura – se adiantou a intervir a acadêmica defensora da dimensão dos temas controversos do presente em sala de aula. – A pedra angular do meu posicionamento é que a distância entre ambos os sistemas, o econômico e o educativo, é o espaço potenciador no qual a história e as ciências cobram sentido para a justiça social. O conhecimento crítico e social é ideal para incluir e reconhecer aos grupos tradicionalmente excluídos nos planos de estudo e não só aí, senão nas salas de aulas a partir dos contextos culturais e econômicos que rodeiam e formam cada centro escolar. É necessário que o objetivo da aula de história e das ciências sociais não seja o desenvolvimento de competências básicas, objetivo que se alcança quase no automático quando se trabalham bem os outros conteúdos, senão a inclusão das minorias ou das maiorias menos favorecidas. Por exemplo, há que trabalhar com a condição dos indivíduos e coletivos com ascendência africana na América, as condições de marginalização à que foram submetidos os indígenas, o olhar dos trabalhadores diante da exploração da que são objeto, e outros tantos coletivos ou não tão coletivos mais, como as mulheres, as crianças, as minorias étnicas, os homossexuais, as lésbicas e os transgêneros. Mas não basta apenas incluí-los nas narrações curriculares, também há que fazer com que a escola reconheça diferentes epistemologias, por exemplo, as formas de construção histórica em diferentes culturas, ou seja, como dizem os pós-colonialistas, recuperar as diferentes epistemologias exterminadas nos processos de colonização do século  XVI e no imperialismo do XIX. Isto me leva a pensar no terceiro elemento mencionado da justiça social, o da representação, aspecto em geral negado aos alunos em uma boa parte dos sistemas educativos nacionais. Este aspecto é complicado, pelo que tratarei de exemplificá-lo. No Canadá, um importante movimento para definir as características do pensamento histórico ocidental colheu seus frutos com o projeto e a colocação em prática de instrumentos de avaliação em grande escala. Na continuação deste projeto, os pesquisadores apresentaram a legítima intenção de compreender as formas do pensar histórico dos indígenas canadenses, assim como estabelecer similitudes entre ambos. Entretanto, no momento de decidir sobre os critérios de avaliar em grande escala, isso é, os componentes do conhecimento legitimado pela avaliação, não se inclui o tempo cíclico ou a relação entre tempo e paisagem, ferramentas cognitivas para pensar a história desde um ponto de vista não ocidental. O projeto canadense reconhece a diferença, mas não lhe permite se representar nas políticas educativas. O ensino da história e as ciências sociais podem tratar de amenizar isto nas aulas, e de fato o fazem em muitos lugares, mas enquanto as políticas educativas sigam sem fazê-lo, e a proposta de competências genéricas não seja mais que uma nova imposição cognitiva dos organismos internacionais, quer dizer, o multilateralismo controlado pelo ocidente, a justiça social e suas dimensões de reconhecimento e representação serão, todavia, uma utopia. Para lutar por uma igualdade cognitiva, o conceito de justiça curricular e a exigência de olhar os conteúdos desde os menos favorecidos poder nos ser útil.

- Te escuto e me parece historicamente muito interessante. O colonialismo, imperialismo, marxismo e os maquiavélicos organismos internacionais me soam um discurso dos setenta; como se trinta anos de reformas educativas e de desenvolvimento da investigação não houvessem existido. Mas enfim, o bom é que as competências do pensar historicamente me deixam ver as mudanças e permanências nos discursos educativos contemporâneos, quer dizer, distinguir aquelas propostas inovadoras de outras que são francamente anacrônicas. Dado que todo modelo de justiça social, e o de Fraser não é o único, deve responder às necessidades do presente e neste momento, a desigualdade econômica é um flagelo que açoita nossas sociedades, sobretudo em regiões como América Latina, o tema central segue sendo a redistribuição de bens e a criação de condições que permita a igualdade de oportunidades para distribuí-los justamente. Portanto, nesta discussão, há que considerar ao conhecimento e às habilidades cognitivas um bem. Isto implica reconhecer as necessidades e características dos diferentes coletivos. Tanto é assim que o princípio que subjaz nesta ideia de justiça se baseia na equidade, quer dizer, reconhecendo as desigualdades, todo programa ou política pública deve estar destinada aos menos favorecidos: bolsas para estudantes com poucos recursos e programas de apoio a comunidades indígenas são dois exemplos. Mas isso não está diretamente vinculado com o ensino da história e as ciências sociais como parte da justiça social. Assim é, enquanto cumpre a função de apoiar a criação de “um salário cultural mínimo”. Permitam-me explicar um pouco mais. Amartya Sen, Prêmio Nobel de economia, sustenta que todo principio de justiça parte de um consenso de ‘igualdade de quê’? A seleção da resposta traz consigo necessariamente a limitação em outros âmbitos. Uma igualdade nos salários implica uma redução da liberdade dos salários. Se levamos este critério ao âmbito educativo e vermos a educação básica como um direito para todos, podemos contestar que a justiça social se considerou na segunda metade do século XX como o direito ao ingresso à escola e que as políticas estiveram centradas em garanti-las. Com o tempo as pesquisas foram percebendo que a qualidade diferenciada das escolas formava melhor a uns que a outros, pelo que na atualidade devemos conceber a igualdade tanto na garantia ou acesso como na formação ou a qualidade. Mais especificamente, a qualidade educativa como um direito implica que todos os alunos saiam com o mesmo nível de conhecimentos, com um “salário cultural mínimo” que lhes permita realizarem-se em nossa sociedade complexa e globalizada. Qual parte deste salário cultural mínimo corresponde ao aporte dado pela História e Ciências Sociais? As habilidades de pensar historicamente. Em outras palavras, um jovem ou uma jovem ao egressar da educação básica, deve ter a capacidade de pensar historicamente. Portanto o problema do reconhecimento se aplica nas políticas públicas focalizadas, mas no que se refere ao ensino da história e as ciências sociais, ou mais bem, ao conhecimento que produzem e ensinam, devem se considerar como parte da redistribuição. Pensar historicamente significa usar as habilidades construídas por um grupo de expertos, os historiadores, e é responsabilidade da escola redistribuir um conhecimento científico a toda a população. A igualdade e, portanto, a justiça, reside em que todos possuam as mesmas habilidades de pensamento para ter as mesmas oportunidades. Dado que é impossível incluir tudo no currículo, isto traz inevitavelmente a exclusão de outras formas de pensar, mas o custo é menor se observarmos as vantagens desta igualdade.

- Como sempre o tempo está se esgotando, e apesar de tudo, muitos temas permanecem apenas esboçados, como a definição de conteúdos do currículo, a formação docente, ou os processos de ensino e aprendizagem dentro da sala de aula, quero retomar dois aspectos que foram mencionados e que necessitamos aprofundar, ainda que sucintamente e a modo de conclusão: Quais são as características epistemológicas do conhecimento histórico escolar ou das ciências sociais, e que relação tem com os processos de avaliação e com esta justiça social? – perguntou a moderadora.

- Não é uma pergunta nada simples, e dado o curto espaço de tempo, minha resposta inevitavelmente ficará incompleta. Por isso, a farei em oposição ao “inovador” e “contemporâneo” discurso que meu contemporâneo acaba de esgrimir. O fato de que considere minha resposta de anacronismo é uma negação de nossa contemporaneidade. Nesta lógica, ele e eu pertencemos a diferentes tempos históricos. Ele ao presente e ao futuro, e eu a um passado fossilizado. A ideia de progresso ou a história linear do ocidente é o que sustenta esta afirmação. Se o tempo é uma linha, ele está mais avançado que eu. Meu objetivo vital não pode ser outro que alcançá-lo. Se me proíbe traçar minha própria temporalidade, minha própria linha ou linhas do tempo circulares, quadradas ou irregulares. Se tento fazer isso, rotula-me de primitiva. Essa foi a lógica do imperialismo do século XIX. Se levarmos isso ao ensino de história, significa que a escola, sobretudo a do Terceiro Mundo ou a do Sul, menos desenvolvida, se assim preferirmos chamá-la, deve formar para alcançar esse tempo histórico a que não pertence, do qual está defasado. Ademais de implicar em hierarquias diferentes de conhecimento, esta visão parte de uma lógica epistemológica que tem sua procedência no positivismo do séc. XIX: a história é um conhecimento científico e como tal é universal e independente de seu contexto de produção. A escola nesse ponto deve adotar ou levar a cabo um processo de transposição didática, que permita aos alunos compreenderem a natureza do conhecimento histórico e utilizar suas ferramentas cognitivas. Todo conhecimento histórico fora deste cânone ocidental é um conhecimento local, particular e dependente do contexto de produção. Em outras palavras, as histórias orais, as concepções cíclicas do tempo ou as relações não exploradoras com a natureza ficam fora do cânone e, portanto, da escola. O conhecimento histórico na escola não deve se pensar como uma adaptação do conhecimento científico, senão como um uso público da história. Isto implica que o próprio conhecimento histórico escolar tem uma epistemologia própria, isso sim, política e culturalmente determinada. Se concebermos a história escolar como um uso do passado, significa que a historiografia, os museus, a comercialização ou as identidades juvenis também são usos legítimos e públicos da história. E ante tal diversidade de histórias possíveis, a avaliação fica em suspenso, pelo menos a avaliação estandardizada, homogênea, imposta por instituições que definem, sob princípios próprios, qual é o conteúdo histórico ou social que os alunos devem aprender, mas sobretudo, prescrevem como se deve pensar o passado dentro da escola. A avaliação do ensino e aprendizagem da história deve ser decidida por cada professor, pelas necessidades do grupo e levando em consideração os contextos culturais e econômicos de cada escola. Isto não implica que não haja um mínimo de conteúdos a aprender em educação básica, o que significa é que esses mínimos devem aceitar a diversidade cognitiva, e que esse mínimo não necessariamente deve ser controlado a partir de um centro administrativo.

- Esta última afirmação é tão inexata que só é possível responder com uma nova pergunta: como estabelecer um mínimo sem normas acordadas que meçam ou não se ou alunos aprendem esses mínimos? – revidou o acadêmico – Sem um poder central, que fomente a autogestão do docente e ao mesmo tempo avalie seu desempenho, somente criamos condições para uma autonomia tão ampla que gerará uma redução notável da qualidade. Se há tantas formas de pensar a história como culturas existentes, então que cada um decida seus conteúdos; e, no entanto, não existiria nenhum conhecimento em comum e não haveria então nenhuma identidade comum dentro de um país. O resultado é um processo de diferenciação tal que seria impossível dar garantia a um conteúdo mínimo, e desse modo uma base cognitiva para os estudantes que lhes permita competir em pé de igualdade em relação às oportunidades no meio social. A diferenciação levaria à exclusão, pois muitos estudantes ficariam sob a decisão de seus mestres, sem as habilidades necessárias para poderem atuar com êxito em nossa sociedade. O que a sociedade do conhecimento exige é a capacidade de processar informação e criar novos conhecimentos. Se reconhecermos a produção do saber histórico profissional como uma ciência com sua epistemologia própria, isso é, como uma forma de conhecimento particular, o que temos que levar para a escola, obviamente, não é uma cópia deste mesmo, senão ajustar os processos cognitivos dos expertos em sala de aula e fomentar o pensamento crítico. A relação entre a historiografia e a escola é que a segunda deve desenvolver as habilidades de pensamento produzidas histórica e culturalmente, quer dizer, não naturalmente, em toda a população. Ademais, estas habilidades são tangíveis e suscetíveis de serem avaliadas. Ao serem operações mentais que criam um produto determinado, este produto pode ser avaliado em seus diferentes níveis de desenvolvimento. Por exemplo, com uma matriz de avaliação que pode observar se os alunos são capazes de identificar as causas e as conseqüências de um acontecimento, identificar as mudanças e os pertencimentos, a capacidade de empatia e se finalmente são capazes de estabelecer um significado histórico dos conteúdos estudados. Estes critérios podem ser perfeitamente avaliados em grande escala, exigindo e garantindo uma qualidade igualitária para todos do ensino, mas, sobretudo, da aprendizagem da história e as ciências sociais. A modo de conclusão, a avaliação em grande escala nos permite fomentar, e por extensão, garantir a inclusão de todos no pensamento histórico, que é o conhecimento pertinente que requer a nossa sociedade. Dessa maneira, conseguir uma sociedade mais justa tem como base a igualdade de oportunidades, sempre e quando respeite a liberdade individual e se aceite as justas desigualdades que se produzem.

III

Minha intenção ao imaginar este debate não foi em esgotar o tema da relação entre ensino de história – e das ciências sociais – e a justiça social. Pelo contrário, o que quero é abrir o debate de um tema onipresente no ensino de história, porém ao mesmo tempo velado, quase oculto ou subentendido. É como se por um lado todos nós, pesquisadores e docentes, nos déssemos por feito que é uma resposta óbvia e, por outro lado, como se nosso agir fosse incapaz, às vezes, de ver ou identificar aqueles aspectos que se relacionam com âmbitos muito mais amplos que a sala de aula ou as revistas indexadas de pesquisas. Assim mesmo, tendo em vista que é um tema complexo, que deve beber das teorias da justiça, da sociologia da educação, da teoria da história e da epistemologia, procurei tratá-lo de uma maneira pouco acadêmica e óbvia. Espero tê-lo conseguido.

O debate tratou de olhar, desde duas perspectivas encontradas, os problemas da função de ensino da história em relação ao sistema produtivo, à participação cidadã, à inclusão ou não de certos conteúdos históricos, aos problemas de avaliação e a epistemologia do conhecimento histórico e do conhecimento histórico escolar. Tratei de ser imparcial nos posicionamentos de cada um dos personagens, ainda que meus trabalhos se localizem mais de um lado da balança que do outro. Seguramente existem muitos matizes que interrelacionam ambas as posturas, mas acredito que, para este reduzido espaço, ficam claros os posicionamentos centrais: por um lado se encontra a igualdade na redistribuição da riqueza, porém a diferenciação cognitiva, pelo que o ensino de história teria sua função na formação integral do indivíduo e não do trabalhador. Por outro lado, temos uma postura que fomenta a desigualdade econômica concebida como justa e meritocrática, que exige para ela a homogeneização conceitual e cognitiva, para pensar a história e atuar na sociedade.

Permanecem muitíssimos temas vinculados ao ensino de história e a justiça social que não mencionei, contudo, por agora me basta explicitar que a decisão que tomarmos sobre a igualdade, a equidade e a diferença no momento que ensinamos história, seja consciente ou inconscientemente, pode determinar nossas práticas docentes. Por exemplo, e a modo de conclusão aberta: se minha proposta de ensino de história é fomentar a equidade de gênero, e a equidade implica necessariamente o reconhecimento de uma desigualdade de condições para tomar medidas que favoreçam aos grupos menos favorecidos, neste caso o da mulher frente ao homem nas sociedades patriarcais da imensa maioria dos países: devo então aplicar estratégias didáticas diferenciadas às alunas, apesar dos resultados acadêmicos das mulheres tenderem a ser superiores aos dos alunos em boa quantidade de países? A aplicação da mesma atividade para todos não vai contra meu princípio de equidade? Ou pelo contrário, a aplicação de estratégias diferenciadas não termina por produzir uma nova exclusão? É evidente que para responder estas perguntas não basta, apesar de ser uma condição necessária, incluir a história das mulheres nos planos de estudo.


Referências
Ainda que não tenha citado nenhum texto de maneira explícita, as ideias, conceitos, dados e modelos de debate se encontram explicitamente em um ou mais dos seguintes livros ou artigos:

Bolívar, Antonio. 2005. Equidad educativa y teorías de la justicia. REICE. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, 42-69
Carretero, Mario, Mikel Asensio, and María Rodríguez Moneo. 2012. History education and the construction of national identities. Charlotte, NC: Information Age Pub.
Connell, Robert W. 1997. Escuelas y justicia social. Madrid: Morata. Primera parte, pp. 15-80.
Dubet, François. 2011. Repensar la justicia social: contra el mito de la igualdad de oportunidades. Buenos Aires: Siglo Veintiuno Editores Argentina.
Ercikan, Kadriye, and Peter C. Seixas. 2015. New directions in assessing historical thinking.
Fraser, Nancy, and Axel Honneth. 2006. ¿Redistribución o reconocimiento?: un debate político-filosófico. Madrid: Morata.
Levstik, Linda S., and Cynthia A. Tyson. 2008. Handbook of research in social studies education. New York: Routledge.
Yates, Lyn, and Madeleine R. Grumet. 2011. Curriculum in today's world configuring knowledge, identities, work and politics. Abingdon, UK: Routledge.
Mignolo, Walter. 2003. Historias locales/diseños globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Ediciones Akal.
Plá, Sebastián. 2008. “El discurso histórico escolar. Hacia una categoría analítica intermedia” en Cruz Pineda, Ofelia y Laura Echavarría Canto (coord.) Investigación social. Herramientas teóricas y Análisis Político del Discurso, México, Juan Pablos- Programa de Análisis de Discurso e Investigación, pp. 57-70.
Plá, Sebastián y Pagés Joan (Coords.) (2014) La investigación en enseñanza de la historia en América Latina, México, Universidad Pedagógica Nacional-Bonilla Artigas
Santos, Boaventura de Sousa, Nunes, Joao Arriscado y Meneses, María Paula. 2007. Introduction. Another knowledge is possible: beyond northern epistemologies. Santos, Boaventura de Sousa (ed,) London: Verso.
Sarramona López, Jaime. 2006. Debate sobre la educación. Barcelona: Paidós.
Sen, Amartya. 1995. Nuevo examen de la desigualdad. Madrid: Alianza.
Silva, Marcos, and Selva Guimarães Fonseca. 2007. Ensinar história no século XXI: em busca do tempo entendido. São Paulo: Papirus.
Torres Santomé, Jurjo. 2009. La justicia curricular: el caballo de Troya de la cultura escolar, Madrid. Morata.
Wineburg, Samuel S. 2001. Historical thinking and other unnatural acts: charting the future of teaching the past. Philadelphia: Temple University Press.

TRADUÇÃO:
André Bueno
Inês Skrepetz


PREGUNTAS

1. La felicito por el gran texto. Encontré una producción muy rica, de
una presentación habitual. La visión social simulada de la justicia en
el texto es bastante diferente, aunque ambas muestran a sí mismos de
que se trate con la enseñanza de la historia como la necesidad de
crear conciencia del individuo en la sociedad. Considera que una mayor autonomía de las escuelas en la búsqueda de fórmulas para la enseñanza
de la disciplina para que se cumpla con la realidad social de sus
estudiantes ayudan en la solución, o las ventajas pesan a favor de un
control nacional de plan de estudios? Gracias,
Ana Paula Silveira


Ana Paula:
Gracias por tus comentarios. Tu pregunta es muy interesante y creo que toca un tema central, el papel del estado y su responsabilidad en la justicia educativa. A la cuestión de si es mejor mayor autonomía escolar o mayor control nacional de los contenidos históricos creo que la respuesta se encuentra en un punto intermedio. Para demostrar lo anterior quiero responderte a partir de dos conceptos en boga en los discursos educativos contemporáneos: pertinencia y equidad.

El primero, la pertinencia, hace referencia “a quién” se enseña. Claro que la respuesta de “a quién” puede variar mucho, por ejemplo el académico de mi texto sostendría un sujeto psicológico, mientras que la académica un sujeto cultural.  Para uno entonces el control de los contenidos y sobre todo de la evaluación desde el centro administrativo es fundamental. Para la otra sólo es posible cumplir con la pertinencia pedagógica si tenemos presente los contextos culturales, los intereses de nuestros alumnos y las necesidades cognitivas de cada uno de ello y eso ningún control nacional desde un mesa burocrática podrá hacerlo. En este aspecto me inclino sin lugar a dudas con la mirada cultural: si se quiere ser pedagógicamente pertinente la autonomía de las escuelas y los profesores en las definiciones de contenidos, saberes e interpretaciones históricas es fundamental.

Ahora bien, el problema de la equidad es de otra índole. La equidad educativa implica la política de redistribuir con base en las necesidades de los sectores marginados o más pobres. Son políticas focalizadas (lo que para cierta filosofía política contraviene a los derechos universales). Pero la equidad no sólo es cuestión del presupuesto –aspecto que también afecta a la enseñanza de la historia pero a veces nos negamos a ver- si no al del conocimiento. En la mirada más disciplinar la ciencia histórica debe inundar las aulas y desde la perspectiva cultural la múltiples formas de pensar la historia deben convivir dentro del salón de clases. Ambas posiciones amenazan la justicia curricular: por un lado un solo tipo de conocimiento es excluyente y por otro la selección de contenidos basados en los conocimientos culturales del entorno puede implicar excluir a los estudiantes de otros conocimientos que sólo la escuela puede ofrecerles. En ese sentido, creo que el control central de ciertos mínimos de conocimiento histórico que garantice la pluralidad cognitiva y por supuesto un efectivo aprendizaje, es vital.

En resumen, creo que hay aspectos en los que es importante velar desde el Estado y otros que sólo pueden ser trabajados desde cada centro escolar en particular o en otras palabras, la redistribución equitativa de conocimiento es obligación del Estado y la pertinencia pedagógica y cultural es responsabilidad autonómica de cada centro escolar y su comunidad.

Escuché sobre el movimiento zapatista, que tiene un programa de
educación especial para las comunidades indígenas. Como este
movimiento se incluye en la concepción de la justicia social en la
educación histórica? ¿cuáles son sus propuestas?
Dalva Luz

Dalva:
No soy experto en las escuelas zapatistas pero por lo que he estudiado y escuchado es un movimiento extraordinario. Quiero contestarte desde dos perspectivas: a) la justicia social y la educación y b) la educación histórica en las “escuelitas” zapatistas. Sobre el primer aspecto, la educación zapatista en Chiapas es un ícono de la escuela como lucha por la justicia social. Muestra todo el potencial revolucionario de la escuela. Ni el gobierno federal ni el estatal han dado apoyo financiero alguno, no han participado en la definición de los contenidos y mucho menos de la formación de promotores –no usan el termino maestro por considerarlo jerárquico- Asimismo, se han construido a pesar de las amenazas del ejército y los grupos paramilitares. La autonomía de las “escuelitas” es central pero puede generar confusiones a quienes ven desde afuera, sobre todo en la negación del Estado –por lo menos como figura conceptual y potencialmente útil- para la educación como un derecho. Los zapatistas se han constituido en oposición al Estado, porque éste ha sido criminal, racista y explotar por siglos con los pueblos indígenas y con muchos otros. Ante las injusticias perpetuas han construido su propio modelo de justicia. Lecturas fáciles de esto llevan a algunos a pensar en la inutilidad de Estado para la justicia social, aspecto con el que yo no concuerdo. Sea en lo local, lo nacional e incluso lo internacional, es obligación de los Estados garantizar el derecho a la educación.

Sobre educación histórica los zapatista no tiene algo que podamos denominar así. No hay asignatura de historia, pero tampoco las hay de ciencias o matemáticas. Ellos funcionan a partir de las demandas y conceptos que han dado coherencia a todo el movimiento del EZLN y que están expresados con claridad en la Cuarta Declaración de la Selva Lacandona de 1996:  techo, tierra, trabajo, pan, salud, educación, independencia, democracia, libertad, justicia y paz. Estos son los ejes que se trabajan en la escuela y más allá, y como han dicho algunos estudiosos, cumplen la misma función que la palabra generadora de la propuesta freiriana. Es partir de estas demandas, de estas palabras, que se construye el saber. En este sentido es una propuesta que reúne saberes milenarios con demandas de justicia en el presente. Lo anterior no implica que no haya historia, más bien la historia atraviesa todo el pensamiento zapatista: su discurso político y educativo parte de la idea de quinientos años de dominación. Lo importante es entender el problema de la justicia o de la salud desde la historia, pero también desde las matemáticas, la ciencias, los saberes tradicionales y desde donde se pueda. Lo mismo pasa, guardado sus distancias, con las propuestas educación plurinacional en Bolivia. Para mi estas propuestas tienen aspectos que responden mejor a la justicia social y la historia que la visión meramente disciplinar: unos comprenden la realidad y actúan en ella a partir del conocimiento y la experiencia histórica y los otros se preocupan básicamente en que se reconozca a la historia como ciencia dentro de la escuela.

Si te interesa profundizar más te recomiendo una tesis doctoral que ha trabajado muy bien el tema y que puedes encontrar en http://www.cedoz.org/site/pdf/cedoz_886.pdf. En relación a la educación histórica y las escuelas zapatistas pueden consultar: https://www.academia.edu/10970634/Educaci%C3%B3n_para_un_pueblo_en_resistencia._La_did%C3%A1ctica_de_la_historia_en_las_escuelas_zapatistas_Chiapas_M%C3%A9xico_ .


Para el defensor académico de formación de habilidades de pensamiento
cognitivo dice que la justicia social y la educación depende de la
calidad del aprendizaje. ¿Cómo se procede y cómo se puede influir en

Roselene:

Para dar respuesta a tus preguntas creo que primero es necesario definir un poco más que se entiende por calidad del aprendizaje. La perspectiva del académico que defiende el desarrollo de habilidades conjuga visiones psicológicas del aprendizaje y visiones empresariales de la gestión educativa. De la primera se puede decir que el aprendizaje es el conjunto de estrategias de adaptación de un individuo. Es decir que lo que se aprender es a adaptarse y por lo tanto puede reducirse a los procesos cognitivos necesarios para la adaptación. Asimismo, la capacidad de aprender depende de la inteligencia, entendida como la capacidad de resolución de un problema. Sobre la segunda tenemos el desplazamiento del término gerencial de calidad al mundo educativo. En ésta lógica la calidad educativa sólo  se puede medir por los resultados, es decir, qué tan eficaz es un profesor o un sistema educativo para alcanzar los objetivos educativos. En resumen, en la perspectiva cognitiva calidad de aprendizaje es que los alumnos consigan aprender las estrategias de adaptación cognitiva para adquirir nuevos conocimientos y así desarrollar la capacidad de resolver problemas y que este resultado sea observable.

¿Cómo debe proceder un maestro? La posición en enseñanza de la historia que más se asemeja a ésta es la disciplinar, es decir, la que propone el desarrollo del pensar históricamente. Esta corriente propone trabajar en el aula principalmente con fuentes primarias que permitan observar claramente las competencias narrativas de los estudiantes (pueden ser las definidas por Rüsen), las habilidades de análisis de documentos (por como las propuestas por Wineburg), los elementos de significación histórica (entendido según Seixas) y el desarrollo de conceptos de segundo orden (definidos por Lee y Ashby). Imaginemos una clase de secundaria en la que una maestra quiere trabajar un acontecimiento particular, por ejemplo, la guerra sino-japonesa de 1937 y la matanza de Nanjing.  Tendría que seleccionar documentos chinos y japoneses que dieran dos o más versiones del acontecimiento, analizarlos detenidamente, tomando en cuenta quién los produjo, para qué, dónde y cuándo; comprender la participación de los diferentes sujetos de la historia, así como la multicausalidad de la masacre y de la propia guerra; promover una actividad de narración histórica utilizando las fuentes y motivando a los estudiantes a definir la relevancia histórica del acontecimiento. Por último, si el objetivo fue la enseñanza del uso de fuentes históricas, medir o evaluar los niveles de aprendizaje de estos cuatro rubros. ¿El impacto en la vida de los estudiantes? A eso contestaría el académico, fomentar el aprendizaje de habilidades que les serán útiles para el aprendizaje a lo largo de la vida. La calidad de aprendizaje es entonces el desarrollo de habilidades históricas de pensamiento que puedan ser medibles.  

Aunque no preguntaste, siempre es útil tener presente que diría la otra postura, la de la académica en mi debate. Para ella la enseñanza de la masacre de Nanjing tendría entre otros objetivos: analizar el imperialismo japonés (relaciones de poder) y el uso del acontecimiento en el presente para el fomento de diversas ideologías y para la lucha de poder en el este asiático contemporáneo (usos públicos de la historia y problemas contemporáneos). Incluso podría discutir si el concepto de genocidio puede ser utilizado para definir este acontecimiento. Esto no significa que no use fuentes primarias o no desarrolle habilidades de pensamiento, sino que son objetivos secundarios en comparación al conocimiento por parte de los alumnos del pasado y su uso en el presente. El impacto en los jóvenes sería comprender la dimensión política del pasado en el presente. Aquí, la calidad del aprendizaje entendida como medición de resultados, no tiene cabida.

33 comentários:

  1. Parabenizo-a pelo ótimo texto. Achei uma produção muito rica, fora de uma apresentação habitual. A visão de justiça social simulada no texto é bastante diferente, apesar de ambas se mostrarem preocupadas com o ensino de História como uma necessidade de construção da percepção do indivíduo na sociedade. Acredita que uma maior autonomia das escolas em encontrar fórmulas para o ensino da disciplina de maneira que atenda à realidade social dos seus alunos ajudaria na solução ou as vantagens pesam em favor de um controle curricular nacional? Obrigada, Anna Paula Silveira - estudante Licenciatura em História - UNOPAR.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ana Paula:

      Gracias por tus comentarios. Tu pregunta es muy interesante y creo que toca un tema central, el papel del estado y su responsabilidad en la justicia educativa. A la cuestión de si es mejor mayor autonomía escolar o mayor control nacional de los contenidos históricos creo que la respuesta se encuentra en un punto intermedio. Para demostrar lo anterior quiero responderte a partir de dos conceptos en boga en los discursos educativos contemporáneos: pertinencia y equidad.
      El primero, la pertinencia, hace referencia “a quién” se enseña. Claro que la respuesta de “a quién” puede variar mucho, por ejemplo el académico de mi texto sostendría un sujeto psicológico, mientras que la académica un sujeto cultural. Para uno entonces el control de los contenidos y sobre todo de la evaluación desde el centro administrativo es fundamental. Para la otra sólo es posible cumplir con la pertinencia pedagógica si tenemos presente los contextos culturales, los intereses de nuestros alumnos y las necesidades cognitivas de cada uno de ello y eso ningún control nacional desde un mesa burocrática podrá hacerlo. En este aspecto me inclino sin lugar a dudas con la mirada cultural: si se quiere ser pedagógicamente pertinente la autonomía de las escuelas y los profesores en las definiciones de contenidos, saberes e interpretaciones históricas es fundamental.
      Ahora bien, el problema de la equidad es de otra índole. La equidad educativa implica la política de redistribuir con base en las necesidades de los sectores marginados o más pobres. Son políticas focalizadas (lo que para cierta filosofía política contraviene a los derechos universales). Pero la equidad no sólo es cuestión del presupuesto –aspecto que también afecta a la enseñanza de la historia pero a veces nos negamos a ver- si no al del conocimiento. En la mirada más disciplinar la ciencia histórica debe inundar las aulas y desde la perspectiva cultural la múltiples formas de pensar la historia deben convivir dentro del salón de clases. Ambas posiciones amenazan la justicia curricular: por un lado un solo tipo de conocimiento es excluyente y por otro la selección de contenidos basados en los conocimientos culturales del entorno puede implicar excluir a los estudiantes de otros conocimientos que sólo la escuela puede ofrecerles. En ese sentido, creo que el control central de ciertos mínimos de conocimiento histórico que garantice la pluralidad cognitiva y por supuesto un efectivo aprendizaje, es vital.
      En resumen, creo que hay aspectos en los que es importante velar desde el Estado y otros que sólo pueden ser trabajados desde cada centro escolar en particular o en otras palabras, la redistribución equitativa de conocimiento es obligación del Estado y la pertinencia pedagógica y cultural es responsabilidad autonómica de cada centro escolar y su comunidad.

      Excluir
  2. Sebastián Plá
    ENSINO DE HISTÓRIA E JUSTIÇA SOCIAL: UM DEBATE POSSÍVEL
    Sebastián Plá
    UNAM
    México
    Para o academico defensor das habilidades de pensamento cognitivo de formação diz que a justiça social e a educação dependem da qualidade da aprendizagem. De que forma isto procede e como pode influenciar na vida do aluno?
    Roselene Voloski Martins

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Roselene:
      Para dar respuesta a tus preguntas creo que primero es necesario definir un poco más que se entiende por calidad del aprendizaje. La perspectiva del académico que defiende el desarrollo de habilidades conjuga visiones psicológicas del aprendizaje y visiones empresariales de la gestión educativa. De la primera se puede decir que el aprendizaje es el conjunto de estrategias de adaptación de un individuo. Es decir que lo que se aprender es a a y por lo tanto puede reducirse a los procesos cognitivos necesarios para alcanzarla. Asimismo, la capacidad de aprender depende de la inteligencia, entendida como la capacidad de resolución de un problema. Sobre la segunda tenemos el desplazamiento del término gerencial de calidad al mundo educativo. En ésta lógica la calidad educativa sólo se puede medir por los resultados, es decir, qué tan eficaz es un profesor o un sistema educativo para alcanzar los objetivos educativos. En resumen, en la perspectiva cognitiva calidad de aprendizaje es que los alumnos consigan aprender las estrategias de adaptación cognitiva para adquirir nuevos conocimientos y así desarrollar la capacidad de resolver problemas y que este aprendizaje sea observable en resultados estrechamente vinculados con el objetivo educativo.
      ¿Cómo debe proceder un maestro? La posición en enseñanza de la historia que más se asemeja a ésta es la disciplinar, es decir, la que propone el desarrollo del pensar históricamente. Esta corriente propone trabajar en el aula principalmente con fuentes primarias que permitan observar claramente las competencias narrativas de los estudiantes (pueden ser las definidas por Rüsen), las habilidades de análisis de documentos (por como las propuestas por Wineburg), los elementos de significación histórica (entendido según Seixas) y el desarrollo de conceptos de segundo orden (definidos por Lee y Ashby). Imaginemos una clase de secundaria en la que una maestra quiere trabajar un acontecimiento particular, por ejemplo, la guerra sino-japonesa de 1937 y la matanza de Nanjing. Tendría que seleccionar documentos chinos y japoneses que dieran dos o más versiones del acontecimiento, analizarlos detenidamente, tomando en cuenta quién los produjo, para qué, dónde y cuándo; comprender la participación de los diferentes sujetos de la historia, así como la multicausalidad de la masacre y de la propia guerra; promover una actividad de narración histórica utilizando las fuentes y motivando a los estudiantes a definir la relevancia histórica del acontecimiento. Por último, si el objetivo fue la enseñanza del uso de fuentes históricas, medir o evaluar los niveles de aprendizaje de estos cuatro rubros. ¿El impacto de en la vida de los estudiantes? A eso contestaría el académico, fomentar el aprendizaje de habilidades que les serán útiles para el aprendizaje a lo largo de la vida. La calidad de aprendizaje es entonces el desarrollo de habilidades históricas de pensamiento que pueden ser medibles.
      Aunque no preguntaste, siempre es útil tener presente que diría la otra postura, la de la académica en mi debate. Para ella la enseñanza de la masacre de Nanjing tendría entre otros objetivos: analizar el imperialismo japonés (relaciones de poder) y el uso del acontecimiento en el presente para el fomento de diversas ideologías y para la lucha de poder en el este asiático contemporáneo (usos públicos de la historia y problemas contemporáneos). Incluso podría discutir si el concepto de genocidio puede ser utilizado para definir este acontecimiento. Esto no significa que no use fuentes primarias o no desarrolle habilidades de pensamiento, sino que son objetivos secundarios. El impacto en los jóvenes sería comprender la dimensión política del pasado en el presente. Aquí, la calidad del aprendizaje entendida como medición de resultados, no tiene cabida.

      Excluir
  3. Quando falamos que a justiça social e a educação dependem da qualidade da aprendizagem. Também sabemos que o inverso é necessário, a qualidade da aprendizagem depende da justiça social e da educação de qualidade.
    Como podemos adquirir justiça social e educação de qualidade em uma sociedade que estrutura-se em grandes diferenças sociais e desigualdades econômicas?
    Carlos Alberto Campelo Costa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Carlos Alberto:
      Tú pregunta sobre cómo tener una educación de calidad en una sociedad con grandes desigualdades sociales y económicas es muy pertinente y compleja, por lo que creo que la respuesta debe ser integral y en tres dimensiones. Primero ser claros en el modelo de justicia social que se defiende. Segundo las relaciones entre cultura, política y economía, así como el papel de las diferentes instituciones sociales para garantizar la justicia social. Por último y para no alejarnos del tema del simposio, hay que pensar qué papel juega la historia en la escuela.
      La filosofía política y el pensamiento económico han producido muchas teorías de la justicia. Resumiendo en exceso se puede decir que hay tres grandes corrientes: quienes se centran en el problema de la redistribución de los bienes, quienes propugnan el reconocimiento a la diferencia como parte central de la justicia social y quienes se ubican en un punto intermedio que considera que sin redistribución de los bienes, sin reconocimiento a la diferencia y sin representación política no hay justicia social porque no es posible una paridad participativa entre los diferentes miembros de una sociedad. Este último posicionamiento es el que más me gusta y Nancy Fraser es quien lo propone. Implica que para la justicia social hay que superar las desigualdades sociales, políticas y económicas. Al mismos tiempo y no una como condición de otra.
      Ahora bien, si seguimos el modelo de Fraser podemos preguntarnos qué función cumple la educación en esa triada. En un sentido, la educación es un aspecto societal, es decir que atraviesa todos los ámbitos de una sociedad y por tanto, es importante para lo económico, lo político y lo social. Sin embargo no creo que la educación sea la responsable de solucionar el problema de la desigualdad económica. Es necesaria pero es insuficiente. Para mi su función primordial está en las políticas de reconocimiento y en la formación de una ciudadanía que desarrolle estructuras democráticas para una igualdad participativa. Siguiendo a Fraser, la educación sería responsable de impulsar una acción transformativa que produzca un cambio en las formas simbólicas que dan sustento a las diferentes desigualdades y que termina, en cierta medida, reproduciéndolas.
      Con base en lo anterior, considero que la enseñanza de la historia es parte fundamental para promover acciones transformativas de largo plazo. Por ejemplo, si impartimos clases de historia en una secundaria de bajos recursos o bajo la línea de pobreza, ofrecer estrategias didácticas que enseñen a los estudiantes a reflexionar sobre las condiciones de desigualdad (política, económica y cultural) y observar la construcción de estereotipos de clase, etnia o género que les han sido impuestas por siglos puede ser útil. ¿Cómo? Seleccionando hitos históricos que respondan a estos temas, con constante relación con el presente. En otras palabras, explicar históricamente las causas de su marginación. ¿Es esto aprendizaje de calidad? Desde las evaluaciones a gran escala no, desde las necesidades de los estudiantes si.

      Excluir
  4. Dhiogo Rezende Gomes12 de maio de 2015 às 07:17

    Sobre a educação indígena em um país como o Brasil, que por lei constitucional, deve ser intercultural, bilíngue e diversificada. Como construir uma história e uma educação multicultural sem partir de etnocentrismos por parte do Estado e seus órgãos legitimadores e normativos da educação? A justiça social quanto a oportunidades para todos, pode remeter a acesso a bens, serviços no cânone ocidental, ao "injustiçados" se aplicam a mesma justiça? Quando das diferenças de concepção de mundo e participação dessas comunidades nele!!! Dhiogo Rezende Gomes

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Dhiogo:
      Puedo contestarte tomando en cuenta dos aspectos, el papel del Estado en la relación entre la interculturalidad, justicia social y a mi entender hegemonía. Por otro lado el problema de diferentes epistemologías y la imposición de un canon, en este caso, occidental. Antes de continuar, estoy de acuerdo contigo en que la igualdad de oportunidades no es igual para todos y que quienes la defienden saben que ellos compiten con más ventajas que los demás, es decir, aprovechan que justamente no parten de las mismas oportunidades qu la mayoría. Bourdieu ha sido muy explícito al respecto.
      Desde mi punto de vista es mejor tener una ley que prescriba una educación indígena que no tenerla. Obviamente, esto soluciona algunos aspectos pero trae otros problemas. Me limito a los problemas teóricos. Gramsci –y nuevas lecturas de sus textos como las de Mouffe y Laclau- sostienen que la hegemonía es inevitable si queremos una sociedad democrática. Cuando hay relaciones de poder predominará, pero no necesariamente exterminará, un visión sobre otra. Lo mejor, dirá Mouffe, es una sociedad con varios centros hegemónicos, pero en las estructuras internas de los Estados-nación actuales como los latinoamericanos es difícil. Por tanto, termina predominando una o como mucho dos. Para mí, no se trata de negar la existencia de la hegemonía, sino pensar que pensamiento hegemónico queremos. Por ejemplo, un pensamiento hegemónico que respete la diferencia, que exija a su gobierno a reducir las diferencias económicas entre los diversos sectores y que la lucha política pueda darse en igualdad de condiciones. Es decir, una educación que legitime la pluralidad y no el etnocentrismo. Si creemos que el Estado puede hacerlo podremos luchar políticamente para que lo haga, si no solo queda la desaparición de su responsabilidad en la educación y eso es tremendamente peligroso.
      Luego está el problema de diferentes concepciones o más bien epistemologías que son excluidas o legitimadas dentro de una sociedad. Sousa Santos asevera con lucidez que no habrá justicia global si no hay justicia cognitiva. El canon occidental no sólo es la igualdad de oportunidad, que como la sufrimos en buena parte del mundo, es la antípoda de la igualdad y la justicia. Sino que también es una estructura cognitiva, una forma de pensar la realidad que excluye muchas otras formas. La historia como ciencia, que proponen muchos de los defensores de la educación histórica, rechaza otras formas de conocimiento histórico producido por culturas en resistencia al canon occidental. Para mí, la inclusión de la visión de los marginados en los programas de estudio es importante pero insuficiente. Lo que debe enseñar son varias epistemologías de la historia, entre ellas la científica, pero también hacer que los estudiantes aprendan historia en construcciones temporales de los indígenas y sus formas de narrar y significar el pasado. Esto haría una educación intercultural plena. Poder pensar el pasado desde dos culturas distintas ayudaría sin duda a promover la justicia curricular. Sobre este tema puede interesarte una conferencia que impartí en Barcelona: http://serveis.uab.cat/canalce/content/la-formaci%C3%B3n-del-pensamiento-hist%C3%B3rico-sebasti%C3%A1n-pl%C3%A1

      Excluir
  5. Valeria Taborda de Almeida12 de maio de 2015 às 10:53

    É interessante pensarmos que o social e a história andam basicamente interligados. Então como lidar com essa "separação" que muitas vezes ocorre na sociedade e nas escolas? Como esclarecer para o aluno ou cidadão que a justiça social e a educação não se separam mas tomam base uma da outra?
    Valeria Taborda de Almeida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeria:
      Los sistemas educativos han dado varias respuestas a la relación entre lo social y la historia. Una de estas formas fue conjuntar a las ciencias sociales y a la historia en una solo asignatura. Chile y Colombia por ejemplo diseñaron de esta manera sus planes de estudio. Otra forma es la separación de las asignaturas y promover la interdisciplinariedad: México o Uruguay. Las dos tienen ventajas y desventajas. No quiero profundizar en ellas. Lo que me interesa es pensar en las causas de esa separación. El origen se encuentra en la compartimentación del conocimiento en la universidad del siglo XIX. La especialidad tenía y todavía tiene una función en la producción del conocimiento pero su representación en la escuela de educación básica o media no responde a las funciones educativas de estos niveles de formación. La causa es entonces una lucha de poder por la definición de conocimiento y que hoy han ganado los físicos y los biólogos. Las ciencias sociales y la historia reprodujeron el modelo y se sigue reproduciendo a sí mismo. Algunos defensores de la educación histórica en México están más preocupados en que los estudiantes de secundaria aprendan que la historia es una ciencia a que aprendan la dimensión histórica de la desigualdad social. Por tanto, para superar la separación entre lo social y la historia habría que transitar por dos posibles caminos: renunciar a la división de las ciencias sociales como la única forma válida de construir conocimiento objetivo de la realidad y/o llevar lo social en la escuela a las características de la sociedad contemporánea y nsu dimensión histórica y no preocuparnos para los elementos científicos del conocimiento académico. Un ejemplo de lo anterior son los nuevos programas bolivianos, que sin negar la importancia de las ciencias sociales y la historia, la ubican dentro de campos de saber más amplios y siempre vinculados a la realidad y contextos de los centros educativos. Este mismo ejemplo nos ayuda a pensar tu segunda pregunta: el trabajo con los contextos de desigualdad en las escuelas permite concientizar a los alumnos de que la educación es un derecho y al mismo tiempo es indispensable para una sociedad más justa.

      Excluir
  6. Se a justiça social vai muito mais além do aspecto econômico, então como seria possível alcançarmos a tão almejada justiça social??? Maria de Fátima Cordeiro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Una sociedad justa requiere una redistribución de la riqueza que promueva la igualdad, un reconocimiento a la diversidad cultural e identitaria que garantice el derecho a la diferencia y un forma de organización política que facilite la participación de los diferentes grupos e individuos en igualdad de estatus y de poder. Para alcanzar esto se requiere de reformulaciones en muchos ámbitos y de la participación de todos. La enseñanza de la historia en particular y la educación en general, no puede abarcar todo. El primer paso para que la historia ayude a la construcción de una sociedad más justa es deconstruir las relaciones simbólicas y de poder de larga duración que han legitimado las diferencias entre los grupos sociales. Por ejemplo, un objetivo de la enseñanza de la historia actual en México es que los alumnos de secundaria aprendan que es el tiempo y el espacio histórico. Esto es importante para comprender la historicidad del ser humano, pero no aporta a una sociedad más justa. Quizá el objetivo debería ser que los alumnos comprendan e identifiquen los imaginarios peyorativos a los que han sido sometidos los pueblos indígenas a través del tiempo. De esta manera quizá aquí y en otras partes del mundo seamos a largo plazo menos racistas.

      Excluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  8. Interessante este texto, e nos remete a rever o Ensino de História e a Justiça Social, pois nos estudos sobre história essa realidade não é revelada, somente vemos a história política, vemos as revoltas para conquistar essa justiça social, mas acaba não acontecendo, e assim nossos alunos não percebem essa realidade de que essa justiça fica escondida por debaixo dos panos, e a situação com o passar dos anos continua a mesma. Luciana Chagas Madeira.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tu comentario me hace formularme las siguientes preguntas: ¿qué tipo de historia hay que incluir en el aula? ¿y qué sentido hay que imprimirle a la narración histórica dentro del salón de clase?
      A la primera pregunta, como ya dijiste, los programas de estudio han seleccionado la historia política de los Estados-nación. La investigación ha denunciado la tendencia ideológica que comúnmente subyace en esta visión. En efecto, es una historia política y dogmática. Pero el problema no es lo político de la enseñanza de la historia, sino la dimensión de lo político que se propone. En otras palabras, hay que ampliar enormemente los ámbitos en la enseñanza de la historia e incluir la historia social, la historia cultural, la historia económica y otras tantas, pero no hay que eliminar el carácter político de esta historia. Por ejemplo, hay interpretaciones en México sobre la historia de la vida cotidiana en la escuela que se preocupan por la vestimenta de Carlota, emperatriz extranjera de 1864 a 1867 y de su corte. Si discutimos con nuestros alumnos el tema, hay que analizar las diferencias de clase que implica la ropa, la imposición cultural del invasor e incluso discutir por qué hay un movimiento que quiere recuperar la imagen de un emperatriz extranjera. Lo mismo pasa con la historia del cuerpo o la sexualidad: se trata de trabajar con nuestros jóvenes estudiantes un tema cercano a sus intereses con la finalidad de comprender lo normativo del control de la sexualidad y sobre todo las relaciones de poder entre los sexos.
      La segunda pregunta también es importante. Si queremos que nuestras narraciones históricas dentro del salón de clase fomenten una consciencia sobre justicia social, no basta con describir las condiciones históricas de la desigualdad, sino contar cómo los logros sociales han sido producto de la lucha de los grupos marginados o tradicionalmente subyugados. Por ejemplo, si discutimos en el aula el tema de los derechos laborales comprenderemos que la jornada de ocho horas no es un obsequio de la clase empresarial, sino un logro de los movimientos obreros. Lo vinculamos al presente y analizamos cómo la política económica actual en buena parte de América Latina es un retroceso a los logros de los trabajadores de antaño. Eso explica la importancia de los sujetos históricos y sobre todo enseña la historicidad de las relaciones sociales, es decir, que no siempre ha sido así, aunque hoy día parezca que sí. También hace referencia al conflicto como algo importante del devenir histórico.
      Estas preguntas fueron respondidas por mí y mi personaje de la académica estaría de acuerdo conmigo. En cambio en una versión radical del promotor de las habilidades no, pues para él el contenido es secundario, pues lo importante es el análisis de fuentes primarias, sean éstas sobre la esclavitud o sobre si Garrincha tuvo problemas con el alcohol.

      Excluir
  9. Ao colocar que "se a escola ensina efetivamente as competências históricas logo o espaço que ocupa na sociedade não dependerá tanto das origens sociais ou da desigualdades econômica, senão do desempenho ou do mérito de cada um".
    Como podemos falar de mérito ou meritocracia se as condições concretas e efetivas não são iguais na sociedade? Leonoura Silva Paixão - UEMA

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tengo que contestarte desde ambas posiciones teóricas descritas en el debate, pues los defensores del currículum por competencias piensan una cosa y los teóricos de la pedagogía crítica una muy distintas. Además hay aspectos de filosofía política bastante complicados. La frase que citas la defienden organismos internaciones como el Banco Mundial y la UNESCO y también ministerios de educación nacionales, como el chileno o el mexicano. Lo que sostienen estos políticos e investigadores es que una sociedad justa debe basarse en el principio de la diferencia esgrimido por Rawls, que sostienen que las decisiones que rigen las políticas públicas siempre deben favorecer a los menos aventajados. Este principio ha producido las políticas focalizadas bajo una determinada idea de equidad. Por ejemplo, becas a los hijos de madres solteras para que no abandonen la escuela. Lo que subyace es una idea de que con estas soluciones remediales se igualan las condiciones para la competencia. En México existió un programa así que se llamaba “Arranque parejo en la vida” que ya desde el nombre muestra sus ideas de justicia. En resumen, si existen políticas focalizadas basadas en el principio de la diferencia se equilibran las condiciones de desigualdad y por tanto, si la escuela forma en las competencias básicas la igualdad de oportunidades si se consigue.
      Por supuesto la teoría crítica sostiene varios cuestionamientos: a) la política focalizada bajo el principio de diferencia oculta la obligación del Estado para garantizar un derecho universal. Por ejemplo en una zona lacustre el occidente mexicano, las comunidades indígenas reciben apoyos bajo esta lógica, pero las comunidades mestizas no reciben apoyo alguno. El resultado es que a los mestizos se les negó el derecho a la educación, la salud o la vivienda, b) la igualdad de oportunidades es un engaño, pues en la realidad las condiciones de competencia no son iguales ni en capital, ni en capital social ni cultural –usando la terminología- de Bourdieu, pero termina responsabilizando al sujeto y no al sistema de la desigualdad. Por ejemplo, si un joven recibe apoyo económico –una beca- para mantenerse en la escuela y fracasa en sus estudios, el argumento es que fue culpa de él, no de la profunda desigualdad social y de la interna del sistema educativo, c) la igualdad de oportunidades defiende un ser humano sustentado en una naturaleza competitiva que actúa racionalmente por beneficio propio, por lo que se le critica por ser excluyente de otras formas de comprender la naturaleza humana. Sobre este tema los escritos del antropólogo Marshall Sahlins son muy esclarecedores; d) finalmente, la igualdad de oportunidad, como demostró Dubet, termina reproduciendo más las desigualdad, ahora legitimadas que favoreciendo la movilidad social. Ergo, desde esta perspectiva la meritocracia es una cuestión de clase no de igualdad de oportunidades.
      Sin embargo hay un problema interno de la vida escolar, que si eres maestra lo enterés muy bien y que la escuela nueva trató de combatir. La lógica interna de las escuelas se basa en la meritocracia. Por ejemplo los cuadros de honor, las becas, los ingresos a la universidad es meritocrática, incluso en países que promueven mayor igualdad entres sus ciudadanos, como Suecia o Cuba. Es una paradoja muy importante: la educación promueve la igualdad con base en la diferenciación. A esto se le puede agregar un pregunta más ¿y la enseñanza de la historia qué hace en todo esto? ¿reproduce la paradoja? ¿es consciente de ella?

      Excluir
  10. Rafael Moura Roberti13 de maio de 2015 às 21:14

    Com base em seu excelente trabalho e nos apontamentos de Istvan Mezsaros em Educação para Além do Capital, em sua visão, qual o real alcance de uma educação que seja "uma outra educação possível?!"

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Desgraciadamente no he leído a István Mézsáros, por tanto no puedo contestarte en discusión con el autor. Aunque según lo que he oído es muy interesante y trataré de leerlo lo antes posible. Pero igual quiero dialogar contigo a partir de tu pregunta: “educación más allá del capital” u “otra educación es posible” son sentencias que se oponen, y con razón, a la lógica neoliberal de que sólo un camino es posible para salir de la crisis social, económica y política en que nos encontramos. Las lógicas curriculares, por ejemplo en buena parte América Latina, dan por hecho que su forma de comprender la sociedad de la información es el futuro inevitable, por lo que la educación sólo puede responder de una manera: competencias, habilidades, vínculo estrecho entre las necesidades de un trabajador flexible y los contenidos de enseñanza en la escuela. Sin embargo hay muchos ejemplos de que eso no es así: la educación zapatista, las escuela interculturales purépechas, el nuevo proyecto educativo boliviano, el proyecto de enseñanza de la ciencia maorí en Nueva Zelanda, la universidad indígena en Canadá e incluso más antiguos y en otros espacios, Freinet, Montesori, Neill y por supuesto Freire. En el caso de la enseñanza de la historia y las ciencias sociales me viene a la mente el extraordinario proyecto de Bruner Man: a Course of Study, vetado por el ala más retrógrada de la política estadounidense de los años setenta. Los ejemplos anteriores me hacen afirmar en plural que “otras educaciones son posibles” pues si me quedo en que solo el socialismo puede destruir al capitalismo o sólo una educación es posible ¿no termino reproduciendo la lógica de un solo camino viable impulsada por el neoliberalismo pero desde el otro lado del espejo? La emancipación del capital está en la pluralidad, en la diversidad, en las múltiples educaciones, en las varias formas cognitivas de pensar la historia.

      Excluir
  11. Professor Sebastián,
    De que maneira a a disciplina de historia poderá promover o aprendizado sobre a justiça social, nos países da América latina, uma vez que, há uma grande desesperança e descredito quanto o significado de justiça social?
    Tania Maria De Pra de Afaro

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Es un pregunta difícil y amplia la que formulas. Implica la función social de la disciplina histórica en un sentido amplio, las condiciones políticas y económicas de las naciones latinoamericanas contemporáneas y finalmente el problema de la justicia social. Además, los tres ámbitos están enmarcados en el concepto de justicia social que defendamos. No voy a profundizar sobre éste último aspecto, pero quiero aclarar un punto central, pues es ahí donde la función de la historia cobra mucho sentido. Siguiendo a Fraser, la justicia social implica una redistribución de la riqueza que produzca igualdad económica y al mismo tiempo incorpore ciertos principios de equidad, construya las condiciones políticas para la representación en igual estatus entre los diferentes grupos sociales y se base en una estructura social que reconozca la diferencia. Las desigualdades contemporáneas se basan en la creación -histórica, cultural y política- de desigualdades simbólicas entre los diferentes grupos sociales. Por lo general el hombre occidental, blanco y de clase media se presenta como ideal de la humanidad. Esto le permite establecer una serie de oposiciones binarias –en términos de Derrida- desde donde el lenguaje y de ahí a lo imaginario y a lo material, distribuye los diversos capitales dentro de una sociedad y a nivel global. La justicia social requiere, para alcanzarse de acciones transformativas que terminen por dislocar las oposiciones binarias de jerarquía que impiden la igualdad. La historia tiene el potencial de ser una herramienta fundamental, como base en la idea de una historicidad radical, para impulsar acciones transformativas que rompan con lo simbólico y lo imaginario de las desigualdades sociales.

      Excluir
    2. Si la historicidad radical, es decir, la consciencia de que toda producción humana es histórica y cultual –incluso el diálogo que estamos teniendo en este momento- es central para la acción transformativa, la función social de la historia sería investigar, enseñar y difundir sobre las condiciones de desigualdad actuales que se viven como naturales o ahistóricas. Freire hacía más o menos lo mismo cuando consideraba que una obligación de la educación liberadora era concientizar sobre las propias condiciones de opresión y evitar que los sectores campesinos siguieran reproduciendo la autoconcepción de incapacidad. Analizar la historicidad esa concepción de sí mismo en su dimensión histórica podría ser un contenido de la enseñanza de la historia. Esto implica que esta función de la historia debe desarrollarse dentro y fuera del aula. ¿Cómo? Es una pregunta amplia, pues depende mucho de los contextos en que se desempeña la práctica docente. Un maestro de historia, en mi concepción, debe tener algo de historiador y de pedagogo, pero también algo de antropólogo, de sociólogo e incluso de psicoanalista. Para poder trabajar un contenido sedimentado de injusticia con una población el docente debe entender las condiciones macro (económicas, políticas y sociales) en la que viven sus estudiantes y él mismo; entender las dinámicas culturas externas, internas y mixtas que facilitan la reproducción simbólica de la desigualdad; y reconocer los elementos inconcientes de sus estudiantes que impiden o facilitan la acción transformativa. Con eso debe escoger los contenidos históricos, entender las dinámicas dentro del aula, establecer las estrategias didácticas y evaluarlas. Ejemplos concretos hay muchos pero no tengo espacio para más. Sólo recuerda que mi estructura sirve para ubicarse en muchas escuelas, pero como es histórica y cultural, también es modificable y perecedera.
      Esto nos lleva al tópico de Latinoamérica y la justicia social. Es un problema como lo planteas es en última instancia un problema de esperanza. La justicia social está desacreditada de dos manera: la primera es que a simple vista se nota que Latinoamérica es la región más desigual del mundo, la segunda es que quienes usan más el concepto -MB, FMI, OCDE, BID- son los responsables de legitimar la desigualdad con base en una interpretación muy deficiente del principio de equidad rawlsiano. Con la educación y sobre todo con la figura del docente sucede algo similar. Lo que tenemos que hacer, por lo menos lo que yo intento desde mi trinchera universitaria, es tratar de recuperar el concepto de justicia social en la enseñanza de las ciencias sociales y la historia para que se convierta en un contenido que ayude a acciones transformativas de largo plazo. En otras palabras, que el concepto está desprestigiado o nunca hemos alcanzado una justicia social plena en nuestras naciones, no significa que debemos renunciar a ella. Más bien ubicarla al mismo tiempo como un campo en disputa simbólica y una utopía que se intenta construir. La educación no puede cubrir todo y mucho menos la enseñanza de la historia, pero algo puede hacer: historizar y desnaturalizar las desigualdades legitimadas y naturalizadas que sostienen, por el menos en México y otros tantos países, las autoritarias relaciones de poder.

      Excluir
  12. Maria Cristina Gasques Campos14 de maio de 2015 às 11:10

    Caberia ao professor de história desenvolver um ensino, intrigante e desafiador, que promovesse a justiça social à revelia de uma formação acadêmica deficitária, além de carência de recursos didáticos-pedagógicos?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De primera instancia mi respuesta es por supuesto que si, aunque no me queda claro quién tienen una formación académica deficitaria ¿el maestro o el alumno? Trataré de responder en ambos sentidos y los ejemplos los tomaré de mi propia experiencia en México.
      Para responder positivamente primero hay que cambiar ciertas lógicas docentes. He escuchado muchas veces la siguiente lógica: la maestra universitaria se queja que el docente de bachillerato no hizo el trabajo, el de bachillerato que la maestra de secundaria no enseñó bien, la de secundaria que el de primaria fue un desastre, el de primaria que en preescolar no hicieron nada y finalmente, la educadora de preescolar asevera que la familia es disfuncional. Al final, como el problema es la familia, los maestros se lavan las manos. Pero más allá del síndrome del profesor Pilatos, la deficiencia principal es que algunos docentes se quejan de que sus estudiantes no cumplen el ideal, en vez de trabajar con las condiciones reales de su salón. Me acuerdo de un caso extremo en Matemáticas. En el paso del grado 9 al 10, es decir de secundaria a bachillerato, una profesora reprobó al inicio del curso a todo su grupo porque no sabían una cantidad de temas que exigía su programa. Cuando le demostramos que preguntaba contenidos que no estaban en el programa nacional para la educación secundaria, insistió que ella imponía era lo que los alumnos tenían que saber y que no le importaba lo que prescribiera el ministerio. Esta anécdota parece sacada de una obra de Ionesco pero es cierta. Lo mismo pasa si un profesor de historia de, supongamos, de séptimo grado, recibe estudiantes de primaria que tienen deficiencias de comprensión lectora y por tanto no pueden trabajar contenidos de historia de los estados absolutistas europeos. Ante esta circunstancia el docente puede insistir en trabajar los contenidos históricos o pasarlos a objetivos secundarios y trabajar con ellos en estrategias que primero afiancen las habilidades de los alumnos y luego fomente el aprendizaje de los contenidos históricos específicos. Entiendo que no sólo es cuestión cognitiva, sino de materiales didácticos e incluso de instalaciones escolares. ¿Cómo enseñar sobre los movimientos sindicales de finales del siglo XIX si ni siquiera hay techo en mi salón de clases? Sé que es muy difícil, pero en casos como el de México y supongo que en Brasil también, el problema no es falta de recursos económicos, sino de redistribución de los mismos. Por tanto, para mi sería más importante conseguir techo para la escuela y no que mis alumnos comprendan el movimiento obrero de Chicago de 1886. Pero pueden tomar de ejemplo a los obreros para organizar a los padres de familia y exigir techo. Enseño así, a través de la historia, la lucha democrática, organizada y pacífica por la justicia social. Para mí saber historia y enseñarla, cobra sentido en cuanto ayuda al presente.
      Ahora bien, si la deficiencia académica es del profesor, una estrategia que probamos una alumna y yo en su tesis de posgrado fue la implementación de talleres de autoevaluación sobre las necesidades de actualización docente. El taller trabajó tópicos de historia de vida, para ver su concepción sobre la profesión docente, conocimiento historiográfico, conocimiento sobre los jóvenes y las culturas juveniles y la cultura escolar. El resultado fue positivo aunque incompleto. Se identificaron temas, pero no existe la infraestructura para responder a las demandas de actualización. Por tanto también se requiere políticas educativas a gran escala que logren satisfacer las demandas de los docentes y al mismo tiempo abra espacios para la autorreflexión sobre las necesidades docentes de actualización.

      Excluir
  13. Segundo Platão, a educação era fundamental para a construção da cidade justa. A justiça na cidade se construía através da educação, que para ele era um direito de todos. No início do processo educacional todos partiam no mesmo nível de igualdade. As diferenças que ocorriam no processo decorriam do talento individual, do esforço e do mérito de cada um.
    Avançou-se muito, mas não se conseguiu avançar muito na qualidade de ensino. As avaliações nacionais e internacionais não mostram um bom desempenho do Brasil. Como revertermos esse cenário?
    Sara Batista, Campo Mourão, sarinha.batista@hotmail.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Es cierto que la relación entre justicia social y educación ha mejorado mucho en América Latina, en especial en lo referente al tema de la cobertura. Negar esta realidad es no querer ver los aspectos positivos de nuestras naciones. Pero también es cierto, como afirmas, que el problema de la calidad educativa es un déficit enorme. En las condiciones de nuestros sistemas educativos, tanto en México como en Brasil, la educación está reproduciendo más las desigualdades que reduciéndolas. Se sigue con la triste lógica de educación pobre para los pobres y educación rica para los ricos. En la enseñanza de la historia pasa mucho esto. Mientras que en ciertas escuelas privadas en México reciben una educación histórica que no solo ve habilidades de pensamiento, sino que discuten temas controversiales, tienen diferentes fuentes de información, se preocupan por el aprendizaje de los contenidos históricos y sociales, por el significado histórico de ciertos acontecimientos, por incluir también temas relacionados con el arte y con profesores con estudios de posgrados, en los sectores más marginados no hay material educativo y a veces no instalaciones suficientes, muchas veces el ministerio de educación se contenta con que se desarrollen ciertas habilidades básicas de pensamiento. Si el pensamiento hegemónico se llevara a la práctica sus discursos de equidad y de igualdad de oportunidades, el tipo de enseñanza y las condiciones para su práctica deberían ser al revés. Al final, unos egresan de sus escuelas con prestigio, capital cultural y capital económico –de nuevo utilizo términos de Bourdieu- cuando los sectores marginados salen, si tienen duerte, con un mínimo desarrollo de competencias.
      Ahora bien, desde mi punto de vista los exámenes internacionales no son la respuesta a la calidad educativa, ni siquiera es una buena forma de medirla. O más bien es lo que los profesionales –tecnócratas dirán algunos- que trabajan y dirigen los organismos internacionales definen como calidad educativa basada en resultados. No importa que las habilidades del pensamiento occidental no sean pertinentes ni relevantes para la mayoría de la población mundial. Lo que miden esos exámenes es lo que quieren medir los que hacen las pruebas, no lo que se aprenden en diversos contextos escolares o para ciertas realidades sociales. Gentili ponía un ejemplo muy claro: la ODCE no consideraba que una universidad, si mal no recuerdo, de Barrio Adentro en Venezuela no cumplía con las exigencia de calidad, como investigaciones y posgrados. Sin embargo, forman médicos generales para atender las principales necesidades de la población y desarrollar un sistema de salud preventivo. ¿Qué tiene más calidad según para qué realidad? ¿Existe hoy o no un sistema de salud mejor en Venezuela? No lo sé, pero ese debería ser el criterio de evaluación. Ahora bien, si el interés es salir mejor evaluados veo dos caminos: estructurar el sistema educativo para que los alumnos aprendan a responder ese tipo de exámenes, que es hacia donde va México; otro es profundizar en la educación que requiere cada contexto nacional y promover una educación transformadora, liberadora diría Freire, y una consecuencia secundaria serán mejores resultados en los exámenes. No estoy en contra de la evaluación, pero no me gusta la que promueven los organismos internacionales, porque simplemente si impone un modelo a nuestras realidades sin pensar en nuestras necesidades particulares.

      Excluir
  14. Sou Cesar Marcelo Droval - Indago a respeito de como podemos falar em justiça social, quando há tanta desigualdade, tanto déficit no ensino, tanto desrespeito por parte de quem tem a função de empregar e difundir, governos que pregam um conformismo, que em nada melhora ou acrescenta na qualidade do ensino publico?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. En cierta manera tú pregunta y la de Tania María son similares, por lo que mi respuesta no se alejará mucho de la que ya hice. El problema último es si queremos tener esperanza de poder alcanzar la justicia social. Si nuestra respuesta es positiva entonces podemos hablar de justicia social dentro de un contexto tan dramático. México se encuentra en una crisis de derechos humanos, la clase política se ahoga en la corrupción y sale a flote gracias a la impunidad, la violencia del narcotráfico y del gobierno es inaudita, la desigualdad social es tal que más del 50% de la población vive debajo de la línea de pobreza al mismo tiempo que hay cada vez más millonarios mexicanos en la lista de Forbes, y para colmo, el abandono del gobierno para la mejora de la educación junto con las políticas clientelares y antidemocráticas de ambos sindicatos magisteriales –aprovechas también por algunos partidos políticos- no ayudan en nada para elevar los niveles educativos del país. La visión es pesimista, pero lo que yo he aprendido de la pedagogía es que justamente el análisis pesimista de la realidad encuentra en la educación un espacio por tratar de revertirla. Otra cosa que he aprendido de la pedagogía es que ver sólo los aspectos negativos no sirve de mucho. Los sistemas educativos han logrado una mayor cobertura, negar esto es negar logros sociales; los niveles de analfabetismo en México, aunque alarmante y concentrado en las mujeres indígenas, se han congelado, siendo la variable de edad significativa, pues en los jóvenes hay mucho menos que en los adultos; existen movimientos alternativos de educación como el zapatista que promueven otras relaciones sociales; y hay maestros que a pesar de las condiciones terribles donde deben desempeñan sus labores siguen luchando por educar y enseñar. Un último problema, además vinculado con la enseñanza de la historia, es que los nuevos planes de estudio basados en competencias y habilidades genéricas, dan a la educación una función meramente adaptativa para un sistema económico inamovible y por principio promotor de la desigualad. Hay que volver a darle a la educación en papel transformativo de la sociedad y los contenidos escolares son un lugar donde podemos hablar de justicia social ¿Qué es más importante, qué los alumnos aprendan el cambio y la continuidad a través del tiempo o que conozcan que son los genocidios, las luchas por los derechos humanos, los flagelos de la esclavitud, la explotación, los logros tecnológicos, que al final también son parte del cambio y la continuidad? En cierta medida, sin excluir la importancia del desarrollo de ciertas habilidades, estoy propugnando por un retorno a los contenidos históricos y sociales para que la historia y las ciencias sociales tengan potencial transformativo y no perpetúen la reproducción de la desigualdad.

      Excluir
  15. No texto apresentado, me chama a atenção o seguinte trecho: “Mas para que essa desigualdade seja justa desde a sua base, é necessário que a educação de qualidade garanta a todos os membros da comunidade o conjunto de habilidades que lhes permitam competir em igualdade de condições. O resultado então depende de cada pessoa. Neste ponto que é indispensável que a história, dentro da escola, ensine competências básicas, como a análise de fontes, a mudança e a permanência dos processos históricos ou a estrutura narrativa do pensamento histórico.”

    Penso que trabalhar habilidades e competências vai muito mais além de uma análise de como a sociedade está estruturada. Entendo que como educadores temos que propiciar aos nossos alunos condições para que consigam sair de sua realidade local e entender todo o processo envolto nesta questão da desigualdade, portanto gostaria de saber como podemos articular práticas pedagógicas que façam um verdadeiro apanhado dos conteúdos necessários na disciplina de História face a Justiça social, num país onde as desigualdades sociais, culturais e econômicas estão bastante acentuadas e onde a crença política está fragilizada e diria repugnante diante dos fatos observados atualmente?
    Geraldinéia Aparecida Santos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Una de las preocupaciones centrales que arrojó mi texto entre los participante fue: cómo relaciono enseñanza de la historia con justicia social en contextos nacionales que son en realidad muy injustos. Sobre los aspectos conceptuales del problema ya lo respondí arriba, por lo que me concentraré en las prácticas pedagógicas. No puedo hablar de la realidad brasilera, aunque alguna vez haya leído los parámetros nacionales curriculares o conozca un poco el sistema de evaluación de los libros de texto. Por tanto daré ejemplo de otras realidades latinoamericanas y lo haré en dos dimensiones, lo curricular y el trabajo en el aula. Sobre el primero creo que el ejemplo de los nuevos programas de estudio bolivianos son muy importantes en la relación entre justicia social y conocimiento –dónde de una u otra manera se ubica la historia-. Estos programas han reestructurado el conocimiento escolar desde otras perspectivas curriculares y cuturales. La historia atraviesa todo el sistema educativo desde el primer artículo de la ley de educación Siñani-Pérez donde se señala que la educación debe ser descolonizadora. La historia cumple un papel fundamental en la construcción de significados en busca de justicia social. Otro ejemplo de esto fue el primer currículum postapartheid en Sudáfrica. En relación a las prácticas dentro del aula es indispensable seleccionar contenidos que permitan el análisis de las propias condiciones de desigualdad en qué viven nuestros alumnos. Los materiales dependerán de lo que tengamos a mano y si no tenemos fuentes históricas hay que crearlas, por ejemplo con la historia oral. Otras buenas formas son deconstruir los usos públicos de la historia que terminan naturalizando las condiciones sociales e historizar los esterotipos culturales raciales y de clase que dan base a la desigualdad social. Cada aula es distinta, por lo que creo que lo que hay que discutir es el para qué enseño historia en una sociedad injusta. El cómo es en respuesta al para qué. Si creo que las habilidades y las competencias para el mercado laboral son el para qué de la historia actuaré en consecuencia y enseñaré tiempo histórico, causalidad, sujeto de la historia y esas cosas, si considero qué el para qué es la búsqueda de la justicia social enseñaré conceptos como relaciones de poder y sus consecuencias en el racismo, la distribución de la riqueza y el control político.

      Excluir
  16. Boa noite Sebastián,
    Gostaria de parabenizá-lo pelo texto que inovou, ao apresentar a problematização proposta, através do diálogo entre dois personagens fictícios. A corrente teórica que defende a meritocracia através da homogeneização conceitual e cognitiva, para pensar a história e atuar na sociedade, desconsidera a escola como espaço de apropriação do conhecimento socialmente produzido? Ou seja, os conhecimentos históricos só teriam função para instrumentalizar os alunos para adquirir habilidades que possibilitem sua inserção no mercado de trabalho?
    Obrigada. Emilene Ceará Barboza – professora de História da Escola Técnica de Campinas – SP.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Son dos preguntas que, aunque vinculadas, pueden contestarse por separado.
      Hay que tener en cuenta que mis personajes están creados con base en un especie de tipos ideales weberianos y que en la realidad los defensores del desarrollo de habilidades pueden pensar de diferente manera sobre algunos aspectos de la enseñanza de la historia, por ejemplo sobre su percepción acerca de los conocimientos socialmente construidos en la escuela. En general, como lo haría mi personaje, no se desconocen los conocimientos sobre el pasado que se producen fuera del ámbito de la historiografía profesional, sea en la escuela o en los diversos usos de la historia, pero este reconocimiento tiende a ubicar en una posición jerárquicamente inferior a este tipo de conocimiento. Este reconocimiento de la existencia y su ubicación jerárquica en la escala de los conocimientos se produce de dos maneras. La primera es ubicando a todo conocimiento como un obstáculo a la comprensión de la verdad científica del pasado o llanamente como uno equivocado (misconception), idea retomada de las ciencias naturales y a veces difícil de trasladar a la historia por su carácter interpretativo. La segunda manera es produciendo oposiciones binarias –en el sentido derridiano- que jerarquiza un conocimiento sobre otro: la historia ciencia es universal y los conocimientos, por ejemplo los indígenas, son locales; uno es conocimiento escrito el otro es oral; uno es independiente del contexto de su producción y el otro está reducido a su contexto de enunciación; uno es objetivo y el otro subjetivo o cultural; el científico busca la verdad y el otro conocimiento solo busca identidad, etc. Siempre hay uno que queda arriba del otro. Quizá solo sea casualidad, pero siempre queda arriba el que nación en occidente.
      A la segunda pregunta hay que contestar no. Los promotores de las habilidades no sólo piensan en el mercado laboral. Incluso es difícil encontrar un discurso que lo haga explícitamente. La relación se encuentra en la lógica curricular y en la producción genérica de competencias bajo la impronta disciplinaria. Más bien lo que corresponde a la historia es la formación del ciudadano, por lo general entendido dentro de la democracia liberal. Giroux es muy claro cuando afirma, más o menos algo así: que hoy se consideran que las competencias laborales y las ciudadanas son las mismas, cuando en realidad se requieren habilidades muy distintas. En otras palabras, podemos promover las habilidades histórica para la formación de ciudadanos sin vínculo con el mundo laboral o podemos promover habilidades para el trabajo creyendo que formamos para la ciudadanía. Lo importante dentro de esta propuesta, para mi, es que si se defiende la enseñanza de las habilidades como contenido central, el profesor o el investigador debe ser consciente de lo que quiere formar con la enseñanza de la historia y eludir la seductora simplicidad de las competencias.

      Excluir
  17. Son dos preguntas que, aunque vinculadas, pueden contestarse por separado.
    Hay que tener en cuenta que mis personajes están creados con base en un especie de tipos ideales weberianos y que en la realidad los defensores del desarrollo de habilidades pueden pensar de diferente manera sobre algunos aspectos de la enseñanza de la historia, por ejemplo sobre su percepción acerca de los conocimientos socialmente construidos en la escuela. En general, como lo haría mi personaje, no se desconocen los conocimientos sobre el pasado que se producen fuera del ámbito de la historiografía profesional, sea en la escuela o en los diversos usos de la historia, pero este reconocimiento tiende a ubicar en una posición jerárquicamente inferior a este tipo de conocimiento. Este reconocimiento de la existencia y su ubicación jerárquica en la escala de los conocimientos se produce de dos maneras. La primera es ubicando a todo conocimiento como un obstáculo a la comprensión de la verdad científica del pasado o llanamente como uno equivocado (misconception), idea retomada de las ciencias naturales y a veces difícil de trasladar a la historia por su carácter interpretativo. La segunda manera es produciendo oposiciones binarias –en el sentido derridiano- que jerarquiza un conocimiento sobre otro: la historia ciencia es universal y los conocimientos, por ejemplo los indígenas, son locales; uno es conocimiento escrito el otro es oral; uno es independiente del contexto de su producción y el otro está reducido a su contexto de enunciación; uno es objetivo y el otro subjetivo o cultural; el científico busca la verdad y el otro conocimiento solo busca identidad, etc. Siempre hay uno que queda arriba del otro. Quizá solo sea casualidad, pero siempre queda arriba el que nación en occidente.
    A la segunda pregunta hay que contestar no. Los promotores de las habilidades no sólo piensan en el mercado laboral. Incluso es difícil encontrar un discurso que lo haga explícitamente. La relación se encuentra en la lógica curricular y en la producción genérica de competencias bajo la impronta disciplinaria. Más bien lo que corresponde a la historia es la formación del ciudadano, por lo general entendido dentro de la democracia liberal. Giroux es muy claro cuando afirma, más o menos algo así: que hoy se consideran que las competencias laborales y las ciudadanas son las mismas, cuando en realidad se requieren habilidades muy distintas. En otras palabras, podemos promover las habilidades histórica para la formación de ciudadanos sin vínculo con el mundo laboral o podemos promover habilidades para el trabajo creyendo que formamos para la ciudadanía. Lo importante dentro de esta propuesta, para mi, es que si se defiende la enseñanza de las habilidades como contenido central, el profesor o el investigador debe ser consciente de lo que quiere formar con la enseñanza de la historia y eludir la seductora simplicidad de las competencias.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.